A primeira noite de apresentação do Baile do Menino Deus, realizada nesta segunda-feira (23), lotou o Marco Zero, no Bairro do Recife, levando uma mensagem que desconstrói o imaginário natalino de inspiração europeia, com Papai Noel, renas voadoras e consumo exagerado. No palco, figuras típicas da cultura popular nordestina, como o Mateus, o bumba meu boi e os caboclinhos, cantando e dançando animados por canções regionais. O espetáculo, dirigido por Ronaldo Correia de Brito e com canções de Antônio Madureira, terá mais duas apresentações: nesta terça-feira (24) e quarta-feira (25), sempre a partir das 20h.
O Baile do Menino Deus está na sua 36ª apresentação, sendo que há 16 anos a encenação é realizada, gratuitamente, no Marco Zero. O espetáculo conta a história de uma festa que vai acontecer e que tem os brincantes como personagens que seguem de casa em casa convocando as pessoas. A história é conduzida por palhaços, os Mateus. Na peça, o Natal apresentado e comemorado não valoriza as compras nem a comilança da festa. Ao contrário, tem o Menino Deus como estrela e o que ele representa como símbolo do renascimento e da esperança. E, para muita gente que assistiu ao espetáculo, a mensagem foi captada.
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A advogada Karla de Jesus Cavalcanti assistia ao espetáculo pela primeira vez. “É um encenação importantíssima. Nos faz voltar verdadeiramente para a figura do Jesus de todos, distante dos estereótipos. Nos mostra uma mensagem de amor ao próximo, de caridade, longe do padrão de consumo exagerado e da imagem criada do Papai Noel”, disse. Ao seu lado, Jose Rabelo também era só elogios. “Já assisti ao Baile do Menino Deus várias vezes e adoro. Principalmente pela questão da identidade cultural tão forte em Pernambuco. E por passar uma mensagem ainda mais importante no momento em que vivemos no País, com um presidente que estimula a percepção de que apenas os homens evangélicos são de bem. Um presidente totalmente averso às diferenças. É muito importante discutir a mensagem de Jesus, sem julgar, sem distinguir.”
Entre as novidades deste ano, a estreia do Bongar, grupo de percussionistas e cantores do terreiro Xambá, que apresentam um percussionista de apenas cinco anos. Outra novidade é o cantor Carlos Filho, que interpreta a música Ciganinha. O corpo de baile, composto por onze bailarinos, também está renovado, bem como o figurino e a cenografia.