VERSÕES DIFERENTES

"Ele (PM) mirou e atirou", diz amiga de rapaz morto em festa de rua na Zona Sul do Recife; PM nega

Amigos do jovem afirmam ainda que PM chegou ao local antes de William ser morto

JC Online
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Publicado em 13/01/2020 às 13:00
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Amigos do jovem afirmam ainda que PM chegou ao local antes de William ser morto - FOTO: Foto: Cortesia
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Atualizada às 20h17

As versões apresentadas pela polícia e por amigos do jovem morto após ser baleado em festa na rua no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, na madrugada do domingo (12), divergem. Enquanto testemunhas amigas da vítima afirmam que os policiais chegaram ao local e atiraram, a PM afirma que não estava lá no momento da confusão. William da Silva, 19 anos, chegou a ser socorrido e levado para a Policlínica Professor Arnaldo Marques, no mesmo bairro, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. 

O enterro do rapaz será nesta terça-feira (14), às 10h, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. 

Uma amiga do rapaz contou à reportagem do Jornal do Commercio que a polícia chegou ao local atirando. “Ele (policial) mirou e atirou. Não quis saber nem em quem ia acertar. Infelizmente quem estava na frente era o meu amigo e morreu nesta fatalidade”, disse Jairiz Gomes, amiga de William. Ela negou que o jovem tinha envolvimento com facções criminosas e que a polícia teria chegado depois do ocorrido. “Ele não tinha envolvimento com nada, com tráfico, com facção nenhuma como estão falando por aí. Foi uma covardia o que fizeram com ele. A polícia está querendo se sair, dizendo que foi briga de facção, que chegaram depois, mas não foi isso”, afirmou. 

A versão de Jairiz é diferente da apresentada pela Polícia Militar em nota. “Segundo a apuração inicial, feita junto à equipe de policiais deslocada para a ocorrência, e que não estava presente, no momento da confusão que vitimou um homem, no domingo, no Ibura.O efetivo, integrante do 19º BPM, participava, no bairro, da Operação Bar Seguro (que envolve a PM, Bombeiros e órgãos municipais), quando recebeu denúncia de que estava havendo uma briga, possivelmente, entre grupos rivais no local. Foi feito o deslocamento, mas os policiais encontraram a vítima já baleada, dentro de um carro particular que lhe prestava socorro”, descreve um trecho do comunicado.  

Socorro à vítima 

Os relatos da polícia e das pessoas ligadas a William quanto ao socorro do rapaz após ser baleado no peito também são diferentes. Jairiz afirma que a PM não deixou que o jovem fosse socorrido, enquanto a nota da Polícia Militar diz que “a viatura fez o acompanhamento em apoio para agilizar a transferência do rapaz para a Policlínica do bairro, enquanto outros militares permaneceram no local do crime, aguardando a chegada da Polícia Civil, que ficará responsável pela investigação do caso”.

A família de William também afirma que a polícia foi negligente no socorro ao rapaz e reforça que os PMs atiraram. “Por relatos de todos os amigos que estavam presentes, todas as pessoas que viram, houve tiroteio da parte da polícia e atingiu meu sobrinho. Não prestaram socorro. A própria polícia que estava lá não prestou socorro, foi negligente, irresponsável . Para os amigos que estavam lá conseguirem socorrer ele, tiveram que interditar a rua, parar um carro, colocar ele em cima e levar para a Policlínica”, narrou Patrícia, que preferiu não informar o sobrenome, mas se identificou como tia da vítima.

“Vamos tentar buscar imagens, alguma imagem que prove, que mostre quem disparou aquela arma. Já que todos falam que veio da polícia vamos tentar investigar isso. Procurar uma prova para que a verdade apareça e seja feita justiça”, disse. 

A festa

Patrícia também fez críticas ao evento onde William foi morto. Segundo ela, a festa acontece há anos e é patrocinado por comerciantes da área. “Acho uma festa muito violenta, sem estrutura, sem segurança. É patrocinada pelos próprios comerciantes da área. Não colocam banheiros químicos, não contratam seguranças particulares, não avisam para polícia para que ela demande uma quantidade de homens para vigiar. É uma festa com som alto, com barulho, livre consumo de bebidas por menores de idade, de drogas e não para, há anos que acontece. Você passa ali de madrugada e é aquela coisa horrível, onde você vê jovens, muitos jovens acabando com a própria vida. A polícia, por sua vez, deixa que aconteça, não impede, quando vem impedir é por volta da madrugada, quando todos já estão alcoolizados, bêbados, muitos ainda consumindo drogas e eles vêm e fazem isso. Agem com violência com esses jovens, pondo em risco a vida de todos”, afirmou. 

Confira a nota da PM na íntegra

A Polícia Militar informa que, segundo apuração inicial feita junto à equipe de policiais deslocada para a ocorrência, e que não estava presente, no momento da confusão que vitimou um homem, no domingo, no Ibura. O efetivo, integrante do 19º BPM, participava, no bairro, da Operação Bar Seguro (que envolve a PM, Bombeiros e órgãos municipais), quando recebeu denúncia de que estava havendo uma briga, possivelmente, entre grupos rivais no local. Foi feito o deslocamento, mas os policiais encontraram a vítima já baleada, dentro de um carro particular que lhe prestava socorro. A viatura fez o acompanhamento em apoio para agilizar a transferência do rapaz para a Policlínica do bairro, enquanto outros militares permaneceram no local do crime aguardando a chegada da Polícia Civil, que ficará responsável pela investigação do caso, identificando as circunstâncias e a autoria do crime. Além de prematura, é irresponsável qualquer suposição ou acusação de autoria do disparo ou omissão de socorro, e inverídica qualquer semelhança com a situação apontada num fato, no Estado de São Paulo, onde temos na região em tela (Ibura e Cohab) redução de 43 % de CVLI (comparativo do ano de 2019 em relação ao ano de 2018 ), como também redução de 22% de CVP, no mesmo período.

NOTA DA REDAÇÃO

O título da matéria foi alterado às 20h17 de segunda-feira (13) pelo uso equivocado do termo "baile funk" para se referir ao local do incidente. Aos nossos internautas pedimos desculpas.

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