Em 1219, durante a Quinta Cruzada (expedição militar realizada de 1217 a 1291 e organizada por cristãos europeus para enfrentar o islamismo na Terra Santa), São Francisco de Assis teve um encontro com o sultão Al-Kamil. Influenciados pelo ato de concórdia entre o cristão e o muçulmano, que completou 800 anos em 2019, franciscanos de Olinda e do Recife promovem neste sábado (18/01) um debate inter-religioso em busca da cultura de paz.
O evento, denominado Roda de Conversa Tradições de Paz reunirá representantes das religiões de matriz africana, indígena, budista e islâmica no Convento São Francisco de Olinda, na Cidade Alta, das 9h às 12h. É gratuito e aberto ao público. “Nossa proposta não é fazer um debate sobre doutrina religiosa, a ideia é cada grupo mostrar de que forma exercita, na prática, a cultura da paz”, informa frei Faustino dos Santos.
As religiões têm o poder de promover a paz ou violência, daí a importância do debate, diz ele. “Tudo vai depender de como elas se manifestam”, destaca frei Faustino, secretário da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil. “Em tempos de intolerância religiosa, as pessoas precisam saber que os grupos de matriz africana, sempre demonizados, são da paz e que sunitas e xiitas não são apenas homens-bomba”, acrescenta.
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Citando o Papa Francisco, o frade ressalta que toda religião é fundamentada na paz porque Deus não promove a guerra. No clima de igualdade e fraternidade, os participantes da reunião deste sábado (18) serão organizados numa roda. “Todos estarão no mesmo nível”, observa o franciscano. “Esse é o primeiro encontro e, durante o debate, pretendemos definir uma programação para dar continuidade às conversas e estabelecer trabalhos conjuntos.”
Ritual
A paz efetiva, afirma o frade franciscano, passa pela promoção de uma vida de dignidade, na qual a pessoa tenha tranquilidade social, material e espiritual. “Esse trabalho não se faz com debates esporádicos, mas no dia a dia”, reforça frei Faustino. “Todas as pessoas interessadas no assunto podem participar, o encontro será um grande aprendizado para ajudar a diminuir a cultura do ódio”, declara Cecília Canuto, que organiza o debate com os franciscanos.
No fim da roda de conversa, por volta das 11h30, haverá um ritual conjunto no convento dos franciscanos, com cada grupo cantando uma música da sua religião, diz Cecília Canuto. “Depois, vamos servir uma feijoada”, avisa. Os próximos debates, diz ela, poderão ser realizados em outros espaços, como terreiros, igrejas evangélicas e sinagogas.
