Patrimônio

Como era o Recife em 1600? Catálogo de mapas e projetos revela história urbanística da cidade

O catálogo do Museu do Recife, impresso e digital, será apresentado dia 30 de janeiro em cerimônia no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 24/01/2020 às 18:06
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
O catálogo do Museu do Recife, impresso e digital, será apresentado dia 30 de janeiro em cerimônia no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas - FOTO: Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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O Museu da Cidade do Recife, fundado em 1982 e instalado no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José, tem várias coleções. Uma delas é formada por mapas, plantas, projetos de arquitetura, projetos urbanísticos, projetos mobiliários, gravuras, aerofotogrametria e documentos de tipografia. São 1.898 peças que registram a evolução do Recife ao longo do século 20 e pela primeira vez o material é condensado numa publicação, na versões impressa acompanhada de DVD e digital.

Com 52 páginas, o Catálogo do Acervo Cartográfico do Museu da Cidade do Recife é o resultado de uma produção público-privada e será lançado na próxima quinta-feira (30/01), às 19h, no Forte das Cinco Pontas, no Centro da capital pernambucana. “O fotógrafo Josivan Rodrigues propôs ao Funcultura a digitalização da coleção e depois a publicação do catálogo, é a iniciativa privada trabalhando para a conservação e difusão de um acervo público”, destaca a diretora do museu, Betânia Corrêa de Araújo.

 Mapa de Douglas Fox. Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

Das 1.898 peças, 898 correspondem à cartografia, com mapas e plantas da cidade de modo geral e de bairros. Há planta do saneamento do bairro da Torre (Zona Oeste); projeto de modernização para o bairro de Santo Antônio (Centro), na área das Avenidas Guararapes e Dantas Barreto; desenhos de mobiliário para a Biblioteca Pública de Casa Amarela (Zona Norte) assinado pelo arquiteto, pintor e poeta Hélio Feijó (1913-1991) e proposta para uma boate em forma de navio no Rio Capibaribe, a Boate Capibaribe, do mesmo arquiteto.

Um mapa de Douglas Fox, do início do século 20, retrata os bairros do Centro antes da reforma do Porto, dos projetos urbanísticos que derrubaram o casario colonial e da quebra do istmo que ligava o Recife a Olinda. O documento contém um livrinho com a relação dos logradouros numerados no mapa e a lista de prédios públicos importantes, destacam Betânia Araújo e Sandro Vasconcelos. Historiador do Museu da Cidade do Recife, ele coordenou a classificação, inventário e catalogação do projeto.

A publicação do catálogo está inserida num trabalho que começou há mais de dez anos, diz Betânia Araújo. “Quando cheguei ao museu encontrei os mapas enrolados e mau acondicionados, conseguimos recursos da Caixa Econômica e em 2007 iniciamos o tratamento da coleção, quase todos agora são guardados abertos, sem as dobras que danificam o papel”, afirma. “Os documentos contam um período da história do Recife e preservam um modo de se pensar a cidade, mesmo nos projetos não implementados”, diz Sandro Vasconcelos.

Imagens do Recife

O fotógrafo Josivan Rodrigues, que teve a ideia de fazer o catálogo com índice para facilitar as buscas, viu a coleção pela primeira vez em 2013. Predominam no acervo mapas do século 20, mas há reproduções de plantas dos séculos 17 e 18. Todos foram digitalizados e, com isso, as peças podem ser consultadas sem manuseio do documento original. “O acervo é conhecido por historiadores, urbanistas e pesquisadores, porém, poderia ser mais explorado por outras profissionais, como designers e artistas gráficos”, comenta Josivan.

 Projeto da Boate Capibaribe. Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

Financiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), do governo do Estado, o catálogo impresso (incluindo o DVD com imagens de todas as peças da coleção) será vendido por R$ 30 na lojinha do Museu da Cidade do Recife e também pela equipe de produção. Parte da tiragem de mil exemplares terá distribuição gratuita para bibliotecas e instituições de ensino e pesquisa. “É um projeto modesto, mas importante”, afirma Josivan Rodrigues. O catálogo digital será acessado por um link no site do museu.

A versão impressa traz cerca de 50 imagens, como um mapa comemorativo turístico elaborado pelo pintor Manoel Bandeira (1900-1964). “É uma degustação para mostrar a diversidade do acervo e despertar a curiosidade, o catálogo tem uma narrativa imagética para a pessoa olhar, se deleitar e ir ao museu para ver o material”, declara o fotógrafo. “A coleção não é apenas para acadêmicos, estudantes do ensino fundamental e médio podem utilizá-la em seus trabalhos”, diz Sandro.

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