Ambulantes que vendiam confecções na Rua da Penha e na Rua Direita, no bairro de São José, Centro do Recife, e foram transferidos pela prefeitura sábado (8) e domingo (9) para o Centro de Comércio Popular do Cais de Santa Rita, na mesma região, temem a diminuição da vendas e apelam para os clientes não os abandonarem. “As pessoas acham o Cais de Santa Rita muito longe e isso pode nos prejudicar, vamos distribuir panfletos nas paradas de ônibus, no BRT e no metrô para divulgar o novo endereço”, diz Mauricélia Bezerra Mandu, 49 anos.
Ela trabalhava na Rua da Penha, próximo ao Pátio do Livramento, onde mantinha uma barraca de artigos infantis (roupas, pijamas, calcinhas, trajes de formatura) há mais de 30 anos. “Não é uma mudança agradável, embora o lugar seja bonitinho, o importante para a gente é o cliente, nossa maior preocupação é a venda dos produtos, gaiola bonita não alimenta canário”, destaca Mauricélia enquanto lavava o trecho destinado aos comerciantes no Cais de Santa Rita, nesta segunda-feira (10). “Tem muita gente triste e desesperada”, acrescenta.
Rua Direita sem as barracas. Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
A mesma ponderação é feita por ambulantes da Rua Direita, como Marinalva Josefa da Silva, vendedoras de roupas para recém-nascidos e vestimentas de época (Carnaval, São João). “A dor aqui é grande para todo mundo, o prefeito não podia ter feito isso, o pão que a gente ganha aqui é suado, debaixo de sol e chuva, levar a gente para o Cais de Santa Rita é o mesmo que matar a todos nós”, declara Marinalva, ambulante na Rua Direita havia 40 anos.
Prefeitura
De acordo com o secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga, a retirada de 70 ambulantes que ocupavam as calçadas laterais da Igreja de Nossa Senhora do Livramento, na Ruas da Penha e na Rua Direita, faz parte do projeto de reordenamento do bairro de São José. “Hoje estamos tratando do pessoal de confecção, mas aviso que só vai ter um local no entorno do Mercado de São José para esse tipo de atividade e é o Centro de Comércio Popular do Cais de Santa Rita”, informa o secretário.
Novo espaço no Cais de Santa Rita. Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
O projeto, diz ele, contempla serviços de drenagem e realocação de ambulantes, entre outras ações. “Transferimos mais de 300 camelôs para o Cais de Santa Rita e mais de 100 ambulantes dos quiosques de ervas para o anexo do Mercado de São José”, afirma João Braga. “Vamos fazer o mesmo trabalho na Rua das Calçadas e na Tobias Barreto.” Com relação às críticas e queixas dos comerciantes, o secretário disse que há mais vantagens do que desvantagens na mudança.
“Estamos dando um espaço definitivo, coberto, abrigado do sol e da chuva, com duas praças de alimentação, um mercado de flores e de frente para o anexo do Mercado de São José”, enumera. “Se, por um lado, a mudança tira o consumidor de impulso, aquele que compra porque está passando pelas barracas, nós estamos oferecendo um local de trabalho com mais conforto.” João Braga informa, ainda, que a prefeitura tem desenvolvido atividades para tornar o Centro de Comércio Popular mais atrativo. A transferência dos ambulantes das Ruas da Penha e Direita continua esta semana.