Após oito dias de protestos desde 30 de janeiro, auxiliares e técnicos em enfermagem da rede estadual de saúde se reúnem na manhã desta quinta-feira (13), novamente em frente ao Hospital da Restauração, na área central do Recife, para decidir os próximos passos do movimento. Ainda não há uma sinalização de nova manifestação. Na noite dessa quarta-feira (12), o desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Evandro Magalhães Melo, determinou o retorno imediato da categoria ao trabalho e o fim da greve, decretada no último dia 30 de janeiro.
Ainda de acordo com a decisão, que é dirigida ao Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem de Pernambuco (Satenpe) e ao Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (Seepe), também está proibido o bloqueio de via pública, sob multa de R$ 30 mil por dia caso haja o descumprimento. A liminar atendeu ao pedido da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (PGE-PE).
A categoria, cuja lista de reivindicações inclui reposição salarial baseada nos últimos dez anos de inflação, isonomia salarial, adicional noturno, adicional de insalubridade, quinquênio e atualização do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), interditou a Avenida Agamenon Magalhães por quase 12 horas nesta quarta-feira (12). A manifestação, que travou o trânsito no Centro da cidade, foi encerrada com a chegada do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que utilizou bombas de efeito moral, por volta das 20h.
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Com a informação de que tinham três minutos para deixar a avenida, os manifestantes passaram a ocupar a calçada em frente ao Hospital da Restauração (HR), mas, alguns voltaram para pista local da Agamenon e sentaram. Momentos depois, a polícia lançou bombas de efeito moral. Segundo os profissionais, o presidente do Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), Francis Herbert, foi levado em uma viatura e uma manifestante precisou de atendimento médico por conta do uso de spray de pimenta.
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Negociações com o governo e nova assembleia
Após o confronto, em uma assembleia improvisada no estacionamento do hospital, a categoria decidiu que volta a se reunir nesta quinta, às 7h, no mesmo local, para definir os próximos passos do movimento. “Nós estaremos fazendo uma assembleia aqui e vamos fazer plantão na delegacia para dar apoio ao nosso presidente”, explicou o vice-presidente do sindicato Gilberto Flávio, na noite dessa quarta-feira (12).
Durante o dia, de acordo com o sindicato, foram quatro reuniões com representantes da Secretaria de Saúde do Estado e Secretaria de Administração. Depois do último encontro, o vice-presidente do Satenpe informou que o governo tinha reconhecido que é necessário discutir os salários da categoria. Ele também criticou a ação da Polícia Militar na Avenida Agamenon Magalhães. “O ponto crucial dessa negociação foi pedir ao governo que desse a garantia de que os grevistas não seriam perseguidos ou teriam pontos descontados. Só neste ponto, a redação do governo não ficou a contento da comissão e nós trouxemos para a assembleia, para mostrar que o governo tem má intenção com os trabalhadores. O episódio de hoje foi lamentável, a postura da polícia foi lamentável”, disse.
Caos no trânsito
A interdição, no sentido Boa Viagem, causou transtornos no trânsito do Centro do Recife. Na volta para casa, alguns passageiros relataram espera de quase uma hora nas paradas de ônibus. “Eu trabalho nas Graças e já estou aqui faz quase uma hora esperando o ônibus, um verdadeiro caos. Tive que vir andando aqui para o Derby porque os ônibus não estavam passando”, disse a analista contábil Bruna Freitas, de 29 anos, que aguardava um ônibus para Boa Viagem.
Nota da Secretaria de Saúde
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e a Secretaria de Administração (SAD) afirmaram que têm mantido o diálogo aberto com os representantes da categoria para debater as reivindicações. “Apesar do cenário macroeconômico nacional, no período de 2015 a 2019, o Governo do Estado realizou diversas ações priorizando as áreas de Educação, Saúde e Segurança. Em relação ao quadro de pessoal técnico-administrativo da Secretaria Estadual de Saúde, nesse período, foram nomeados quase oito mil novos servidores. Foram também realizadas 11 reuniões de mesas específicas de negociação, além de outras 30 reuniões de mesa geral com as respectivas entidades representativas de classe”, diz um trecho do texto.