MANIFESTAÇÃO

No protesto dos técnicos em enfermagem no Recife quem lucrou foram os pipoqueiros

Nesta quarta-feira (12), profissionais da área da saúde voltaram a fechar a Avenida Governador Agamenon Magalhães. Os vendedores de água e pipoca comemoraram o aumento nas vendas

Rute Arruda
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Rute Arruda
Publicado em 12/02/2020 às 20:44
Foto: Day Santos/JC Imagem
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O oitavo dia de protestos dos técnicos e auxiliares em enfermagem em frente ao Hospital da Restauração, área central do Recife, resultou em um aumento nas vendas dos vendedores ambulantes que trabalham na Avenida Governador Agamenon Magalhães. Nesta quarta-feira (12), os profissionais da área da saúde continuaram a reivindicar melhores condições de trabalho e aumento do salário base, que atualmente é de R$ 774,82. Apesar da situação, quem lucrou foram os ambulantes que trabalham dia e noite na avenida. 

Segundo Alber Carlos, de 20 anos, que trabalha há três anos na Agamenon Magalhães, desde a semana passada as vendas tiveram um aumento de 100%. “Eu cheguei aqui às 9 horas da manhã e já vendi 10 fardos de água e 11 de pipoca”, comentou animado.

A pista foi liberada às 20h11, quase 12 horas após o início do protesto, após a chegada do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco. De acordo com o Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), o presidente do grupo, Francis Herbert, foi levado pela PM para a delegacia. Durante o protesto, agentes da Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU) estiveram no local para auxiliar os motoristas, que desviavam pela Rua Joaquim Nabuco. 

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Já para José Alisson, 22, as vendas tiveram um aumento de 10%. “Sempre que acontece algum protesto aqui na Agamenon [Magalhães] nós pegamos e essa é a oitava vez que os técnicos em enfermagem estão fazendo e isso está sendo bom para a gente. Nós estamos vendendo mais”, disse o vendedor que trabalha há quase cinco anos pelas ruas e avenidas do Recife. 

Oitavo dia de protestos 

Os técnicos em enfermagem voltaram a fechar a Avenida Governador Agamenon Magalhães, na altura da Rua Joaquim Nabuco, na manhã desta quarta-feira (12). Profissionais lotados em diferentes unidades de saúde se revezaram durante todo o dia para reivindicar melhores condições de trabalho e salário, reposição de dez anos sem ajustes com base na inflação. Segundo os técnicos, não é pago o adicional noturno e nem o de insalubridade. 

Ao longo de toda a tarde, gritos de resistência, como “daqui não saio, daqui ninguém me tira” eram entoados. A técnica em enfermagem Cíntia Maria, que trabalha há cinco anos na área, afirmou que os profissionais estão reivindicando não só em benefício próprio, mas também buscam melhores condições aos pacientes que utilizam o serviço público. “A gente vem lutando não só pela gente, mas também para quem utiliza o serviço público”, comentou.

Às 17h30, a comissão de negociação do sindicato e representantes das secretarias de Administração e da Saúde do Estado se reuniram.  Após o encontro, o vice-presidente do Satenpe, Gilberto Flávio, informou que, durante a reunião, o governo reconheceu que precisa discutir os salários da categoria. Ele também criticou a ação da Polícia Militar na Avenida Agamenon Magalhães. “O ponto crucial dessa negociação foi pedir ao governo que desse a garantia de que os grevistas não seriam perseguidos ou teriam pontos descontados. Só neste ponto, a redação do governo não ficou a contento da comissão e nós trouxemos para a assembleia, para mostrar que o governo tem má intenção com os trabalhadores. O episódio de hoje foi lamentável, a postura da polícia foi lamentável”, disse.

A categoria irá voltar a se reunir às 7h desta quinta-feira (13) em frente ao Hospital da Restauração para decidir os próximos passos do movimento. Ainda não há nenhuma reunião marcada entre o sindicato e o governo estadual.

Foto: Day Santos/JC Imagem
Os técnicos e auxiliares de enfermagem realizaram protesto - Foto: Day Santos/JC Imagem
Foto: Day Santos/JC Imagem
A manifestação acontece na Avenida Agamenon Magalhães, no sentido Boa Viagem - Foto: Day Santos/JC Imagem
Foto: Day Santos/JC Imagem
A categoria pede melhores condições de trabalho e de salário - Foto: Day Santos/JC Imagem
Foto: Michele Campelo
A Avenida Agamenon Magalhães está bastante engarrafada no sentido Boa Viagem - Foto: Michele Campelo
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
. O tráfego está lento desde as imediações do Ministério do Trabalho, no bairro do Espinheiro - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
É a oitava vez em que o grupo realiza manifestação em três semanas - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
CTTU está no local para auxiliar os motoristas que trafegam pela via - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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O protesto dura mais de oito horas - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
O grupo reclama melhores condições de trabalho e salários, além de reposição de 10 anos sem reajuste - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem

Opiniões divididas 

Ao longo de toda a tarde, as opiniões dos que passavam pela Avenida Governador Agamenon Magalhães estavam divididas. Houve quem apoiou a manifestação, alegando o direito dos profissionais, e houve quem discordou da forma como o protesto foi feito. “Isso é um absurdo”, gritou um pedestre que passava pela via e tentou arrancar os cartazes das mãos dos profissionais. Apesar da exaltação do pedestre, a Polícia Militar, que acompanhou o protesto durante todo o dia, não precisou intervir. 

Para o motorista de ônibus Carlos André, um percurso de ida e volta [Olinda até o Terminal Integrado da Joana Bezerra] que tem duração de duas horas, hoje ultrapassou as três horas e meia. Além disso, quem estava a caminho do trabalho também não conseguiu escapar do engarrafamento. “Eu geralmente levo quarenta minutos para chegar ao trabalho e hoje vou levar mais de uma hora e meia. Fui muito prejudicado”, comentou o gestor de empresas Marcos Veríssimo. 

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