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''A gente paga passagem cara e não vê melhoria'', diz pai de vítima de colisão do metrô no Recife

Para usuários do metrô, o serviço não aparenta melhorar, mesmo com aumento das passagens. Acidente deixou mais de 60 feridos

Maria Lígia Barros
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Maria Lígia Barros
Publicado em 18/02/2020 às 17:35
Foto: Yacy Ribeiro/ JC Imagem
Para usuários do metrô, o serviço não aparenta melhorar, mesmo com aumento das passagens. Acidente deixou mais de 60 feridos - FOTO: Foto: Yacy Ribeiro/ JC Imagem
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A cuidadora Ivana Gabriela, 30, vinha de Jaboatão dos Guararapes pelo Metrô do Recife quando teve a viagem interrompida. Na altura da Estação Ipiranga, por volta das 5h40 desta terça-feira (18), foi surpreendida pela colisão do seu trem contra outro. O impacto deixou 62 feridos, que foram levados ao Hospital da Restauração e UPAs da Imbiribeira, da Caxangá, do Curado e do Ibura.

“A gente estava conversando, entretido, quando vê, foi só a pancada, como se o trem tivesse descarrilhado. Quando viu, estava todo mundo um em cima do outro, eu caí por cima de um senhor e machuquei o pescoço”, relatou Ivana. Mesmo com o acidente, ela seguiu para a casa da idosa de 84 anos, de quem cuida. “Eu fui para o trabalho, só tava doendo e não tinha acontecido nada. Só que, depois que o corpo esfriou, aí o pescoço ficou duro e vi que machuquei o tornozelo”, falou. A dor a levou até a UPA da Imbiribeira, onde foi apontada uma distensão muscular.

Ivana é uma das vítimas que usa o serviço todos os dias. Para ela, esta é a opção viável. “Se eu for pegar ônibus, eu tenho que pagar uma passagem a mais, e o trabalho só fornece duas passagens por dia”, explica. Pelo metrô, a mulher vai até o Terminal Integrado Joana Bezerra, onde pega outro ônibus a caminho de Boa Viagem, sem custo extra. Após a série de reajustes escalonados que começaram no ano passado, as viagens saem a R$ 6,90 por dia. O preço, no entanto, ainda vai aumentar. Até março, cada passe custará R$ 4, elevando a soma para R$ 8 por dia.

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Mas o serviço não aparenta melhorar. “Quando não é isso, o metrô para e passa horas e horas, ninguém informa nada. Muitas vezes, em Jaboatão, a estação está fechada, ninguém fala que o metrô quebrou. Depois que passa 1 hora, meia hora lá, eles avisam que não vai ter”, reclama.

“Eu me sinto revoltada como a maioria dos usuários, que pagam passagem cara e não têm segurança, não têm comodidade. Eu me sinto lesionada como passageira”, afirma.

O sentimento é similar ao do eletricista Cícero da Silva, 43, pai de Lucas Cícero Santos da Silva, 18, vítima da colisão. Os dois costumam usar o metrô com frequência. O filho, diariamente. “Na verdade, não sei como o metrô funciona de uma forma dessa. Porque a gente paga uma passagem cara e não vê nenhuma melhoria para o trabalhador. O certo mesmo era que pelo menos melhorassem as condições da rede ferroviária”, desabafa Cícero.

O percurso de Lucas em direção ao trabalho começa na Estação Floriano, em Jaboatão, com sentido à Joana Bezerra, e pega um ônibus para Boa Viagem. Depois do acidente, o rapaz foi levado ao Hospital da Restauração, onde o pai o visitou ainda pela manhã. “Ele está sentindo alguns sintomas, dor na cabeça e no pescoço, que foi onde a pancada afetou”, conta Cícero.

Já o artesão Giovani Quirino, 45, foi à UPA da Caxangá quando soube que sua amiga, a artesã Odenir de Souza Cardoso, 36, foi ferida no acidente. Quando a visitou na unidade de saúde pela manhã, não sabia se teria alta no mesmo dia. “Ela está sentindo muitas dores, e desconfortável porque estava com aquele colar cervical e a maca dos bombeiros. Ela disse que só viu o impacto, todo mundo caindo, que voou. Foi jogada em cima dos ferros e machucou o quadril, o fêmur e a coluna”, fala.

Os dois realizam trabalho voluntário no Hospital Oswaldo Cruz e é para lá que a mulher se deslocava no momento do acidente. “Ela estava vindo do Curado. Ela tinha feito integração no TIP e pegado um metrô. Estava indo em direção à Estação Central. Todos os dias ela faz esse percurso, quando não pega carona”, diz.

Em nota para a imprensa, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), empresa que administra o sistema de metrô do Recife, lamentou o ocorrido e afirmou que irá prestar assistência a todos os envolvidos. "Um Comitê de Crise foi instituído e a comissão interna de acidentes já está trabalhando na análise dos fatores que podem ter contribuído para tal ocorrência que é inédita", diz o texto.

 

 Leia, na íntegra, a nota da CBTU

"A CBTU lamenta o acidente ocorrido na data de hoje na Estação Ipiranga e se solidariza com os usuários.

A empresa está acompanhando e prestará assistência a todos os envolvidos.

Um Comitê de Crise foi instituído e a comissão interna de acidentes já está trabalhando na análise dos fatores que podem ter contribuído para tal ocorrência que é inédita.

O Metrô do Recife possui sistema eletrônico de monitoramento que garante a segurança de tráfego, o que tem sido eficaz durante os 35 anos de operação."

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