Folia

Conheça a história de Cariri Olindense. A troça faz 100 anos em 2021

Fundada em fevereiro de 1921, Cariri desfila no domingo de Carnaval (23) bem cedinho. É uma das agremiações mais antigas de Olinda

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 20/02/2020 às 19:08
Foto: André Nery/Acervo JC Imagem
Fundada em fevereiro de 1921, Cariri desfila no domingo de Carnaval (23) bem cedinho. É uma das agremiações mais antigas de Olinda - FOTO: Foto: André Nery/Acervo JC Imagem
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Há foliões que seguem um boneco. Outros se divertem atrás de um galo. E tem gente que espera o ano todo para frevar ao lado de um velho mascate montado num jerico. A curiosa figura é o abre-alas da Troça Carnavalesca Mista Cariri Olindense, que desfila soberana na Cidade Alta desde 1921, das 4h às 8h do domingo (23/02). Na contagem regressiva para completar 100 anos, no Carnaval de 2021, Cariri promete mais um dia de alegria para seus fiéis súditos.

A troça vai às ruas às 4h da madrugada, mas a brincadeira começa a partir da meia-noite, com a recepção aos foliões na sede, localizada na Rua Cândida Luísa, em Guadalupe. “Temos open bar, banda e orquestra de frevo”, convida Rivaldo Santana, integrante do conselho fiscal da agremiação e neto de Augusto Canuto, um dos fundadores de Cariri. “A apoteose acontece às 3h, quando o Homem da Meia Noite chega e entrega a chave, simbolicamente, para Cariri abrir o Carnaval de Olinda”, destaca.

 Passistas de Cariri. Foto: André Nery/Acervo JC Imagem

Rivais no passado – o Homem da Meia Noite é uma dissidência de Cariri – as duas agremiações promovem um dos momentos mais bonitos da folia olindense. Cariri abre o portão da sede e o calunga entra para repassar a chave. “Antes era ferro e fogo, mas hoje a gente se abraça, quem ganhou foi o Carnaval de Olinda”, diz Rivaldo Santana. O velho no jerico é acompanhado por passistas e orquestra de frevo.

O cortejo sai da sede, no Largo de Guadalupe, segue pela Rua do Amparo, Rua 13 de Maio, Rua da Boa Hora, Avenida Joaquim Nabuco e Rua Nélson Guedes, com retorno pela Avenida Joaquim Nabuco em direção à sede. “Cariri reina sozinho, das 4h às 8h da manhã não tem outro bloco em Olinda, moradores abrem as janelas do jeito que estão, de camisola e pijama, para ver a troça passar”, relata Rivaldo.

Fãs

Paulo Jorge de Oliveira, 52 anos, morador de Guadalupe, não resiste ao chamado de Cariri. “Acompanho da saída até o fim do desfile, desde pequeno, sem Cariri não há Carnaval”, declara Paulo Jorge, guia turístico na Sé. “Tem muita gente na troça, mas é tudo gente de bom coração, dá para brincar à vontade”, comenta o folião.

 Saturnino Medeiros da Silva, folião de Cariri

O marceneiro aposentado Saturnino Medeiros da Silva, 98, começou a brincar em Cariri aos 10 anos de idade. “Eu ia com meu tio, dois anos mais velho do que eu. A gente brincava em Olinda e também no Recife, na Rua Nova, Rua da Imperatriz e Praça do Diário. Era um tempo bom, do lança-perfume, do Carnaval cheiroso”, recorda Saturnino. “Minha fantasia era simples, só uma sombrinha, dei muitos pinotes em Cariri, hoje eu só olho a saída”, diz.

Um ano mais novo que a troça (a agremiação fez 99 anos em 15 de fevereiro de 2020), Saturnino é morador do Largo de Guadalupe e conheceu outra dissidência de Cariri, batizada O Homem das Onze e Quinze, possivelmente dos anos 1930. “Só saiu um ano, foi uma pena, eu também brinquei no Homem das Onze e Quinze, era a cavalo pelo Carmo”, declara.

Homenagem

Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2016, Cariri Olindense, a troça das cores amarela, azul e branca, nasceu a partir da figura de um mascate que vinha do Sertão do Cariri (Ceará) vender mercadorias (ervas medicinais e couro) no Recife. “Meu avô, que era comerciante e mestre funileiro, fazia caneco, penico e lamparina, se juntou com amigos e inspirado no mascate criou Cariri”, registra Rivaldo Santana.

No Carnaval de 2020, Cariri escolheu como homenageados o radialista Ciro Bezerra, o antigo diretor da troça Aníbal Francisco e o Clube Vassourinhas de Olinda.

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