
O domingo começou cedo para o folião. A menos de duas semanas do início oficial do Carnaval - sim, porque, na prática, a festa já começou -, Olinda e Recife foram tomadas por frevo, maracatu e lirismo. O ensaio aberto do bloco Eu Acho é Pouco pintou o Sítio Histórico olindense de vermelho e amarelo logo cedo. A grande batucada e o dragão, marcas registradas do bloco, levaram crianças e adultos às ladeiras da Cidade Patrimônio da Humanidade. À tarde, sem tréguas para o calor, foi a vez do ensaio aberto do Bloco Carnavalesco a Pitombeira dos Quatro Cantos, um dos mais tradicionais de Olinda.
Responsável por lotar as ruas da cidade nos fins de semana pré-carnavalescos há 16 anos, a Pitombeira, fundada em 1947, concentrou os foliões na sede, na Rua 27 de Janeiro, às 13h. O bloco saiu por volta das 17h arrastando o coro que cantava todos os frevos numa só voz. Neste ano, a Orquestra do Maestro Rinaldo foi a responsável pela música.
O presidente do bloco, Júlio Silva Filho, lembra que, no próximo sábado (1º), é o aniversário da Pitombeira. É quando encerram-se os ensaios, que começaram no 7 de setembro do ano passado. A festa vai contar também com a participação do infantil Pitombeirinha. A concentração igualmente está marcada para as 13h, no mesmo local, mas a saída será mais cedo, por causa da crianças, às 16h.
No Carnaval, o dia do bloco é a segunda (8), a partir das 10h, na Praça 12 de Março. Júlio explica que, há muitos anos, a Pitombeira não lança tema. Mas, em 2016, resolveu render uma bela homenagem a quatro importantes compositores de frevo. Dois “das antigas”, como diz o presidente: Nelson Ferreira e Capiba. E dois da nova geração: Getúlio Cavalcanti e J. Michiles.
Cada músico estampa uma camiseta, que custa R$ 30 (valor unitário), a venda na própria sede de Pitombeira, nos Quatro Cantos e também nas lojas PE no Carnaval, nos shoppings. Os desenhos são assinados pelo cartunista Lailson e a edição é limitada. “São os esquecidos que fazer verdadeiramente o frevo”, reverencia Júlio.
RECIFE
No Recife, a poesia deu o tom do domingo no Aurora dos Carnavais, na Rua da Aurora. O 17º Encontro de Blocos de Pau e Corda celebrou o lirismo com 30 blocos, três a mais que no ano passado. “Neste ano foram 30, mas, se deixassem, teríamos mais de 50 blocos”, brinca uma das coordenadoras do Aurora dos Carnavais, Tábida Cristina Fernandes.
O encontro de crianças e idosos é responsável pela beleza da festa, que começou às 16h com a concentração e o desfile do cortejo com os 30 flabelos, do Monumento Tortura Nunca Mais até o palco montado em frente à sede do Banco Central. As músicas foram executadas pelo grupo De Salto no Frevo e pela Orquestra Evocações de Barbosa. O Coral Edgar Morais e o cantor Claudionor Germano também subiram ao palco. As apresentações começaram às 17h, com os blocos apresentando-se um a um.
Muitas crianças fizeram sua estreia, a exemplo da cantora Pandora e da bisneta de Edgar Morais, Vanessa Morais. Pandora, 11 anos, conta que sua paixão pelo lirismo começou em 2014. “Na época, eu nem sabia o que era, mas logo me apaixonei”, conta.
O mestre Claudionor Germano, 83 anos, disse à reportagem que, para ele, reverenciar o Carnaval é “cumprir uma obrigação com a cultura da nossa terra”. O artista não deixa de lado sua missão de estar sempre presente e ser um dos responsáveis por preservar a identidade cultural de Pernambuco, que ele diz fazer questão de que seja passada de pai para filho.
Já no Polo Pátio de São Pedro, o concurso de passista começou por volta das 18h e contou com a Orquestra Botelho Frevo e Folia.








