INTERIOR

Os caiporas comandam a folia em Pesqueira

Os personagens são o símbolo do carnaval da cidade no Agreste

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 09/02/2018 às 7:13
Foto Diego Nigro/JC Imagem
FOTO: Foto Diego Nigro/JC Imagem
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Pesqueira é conhecida quando o assunto é Carnaval. Muito da fama da cidade que fica no Agreste, a 214 quilômetros do Recife, deve-se ao tradicional Bloco Lira da Tarde, considerado o maior do interior de Pernambuco. O também chamado de Galo da Madrugada do Agreste completa este ano 80 anos de folia. Aniversário à parte, os parabéns também vão para os pequenos seres igualmente responsáveis pela grandeza da folia do município: os caiporas.

Eles foram considerados no ano passado Patrimônio Imaterial de Pernambuco pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC). O título é um reconhecimento para o que começou como uma despretensiosa brincadeira de João Justino de Melo, conhecido por Gilete, em 1962. “Meu esposo estava em uma mesa de bar com os amigos e juntos tiveram a ideia de sair no Carnaval escondidos. Daí pegaram sacos de estopa para cobrir os rostos. Então, saíram pelas ruas os quatro amigos brincando”, disse Helena Rodrigues de Melo, viúva de João Justino.

Foto Diego Nigro/JC Imagem
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A diversão, no entanto, foi interrompida algumas vezes. “No ano seguinte morreu um caipora, ainda saíram outro ano, mas aí acabou morrendo outro depois. Daí, pararam alguns anos porque criaram o boato de que quem saísse morreria. A turma ficou com medo, retomou e deixou outras vezes, até que meu filho tomou conta por volta do ano 2000 e desde então estamos levando a tradição adiante com muito sucesso”, afirmou Helena.

Os caiporas se caracterizam pelo uso de um grande saco de estopa como cabeça, o que faz com que ela fique desproporcional em relação ao restante do corpo, deixando o visual ainda mais engraçado. A indumentária do personagem é completada com um pequeno paletó, gravata e calças coloridas. Hoje em dia, a maioria das pessoas que dão vida a eles são crianças e adolescentes, o que explica a quase interminável energia dos caiporas para sair pulando e dançando o tempo todo.

PAIXÃO

A estudante Nadja Macedônia, 13 anos, é uma das que encarnam o personagem na folia. “O bom é que brinca todo mundo, meninos, meninas e até adultos, todos se divertem. As pessoas chegam perto, querem tirar foto, é bem legal”, disse Nadja.
Um dos caiporas mais experientes é Daniel Gomes, 21 anos, que começou a brincar com 10. “O grande barato é esconder a identidade. A partir do momento em que vestimos a fantasia, ninguém sabe a nossa idade, de onde somos, nada. Isso é o melhor do Carnaval, brincar sendo todo mundo igual”, disse Daniel, que logo depois voltou a colocar fantasia, voltou a ser igual.

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