Carnaval de Bezerros, papangu. A associação é quase instantânea tamanha a identificação entre a folia da cidade, no Agreste, a 107 quilômetros do Recife, e o seu famoso personagem mascarado. Não há como pensar em um, sem imaginar o outro. Para a alegria de ambos e dos milhares de foliões que vão até lá se divertir no Carnaval que é considerado o terceiro mais procurado de Pernambuco. Hoje é o grande desfile dos papangus no município.
Uma brincadeira tão animada quanto antiga. Existem várias versões sobre a sua origem ainda no século 19. “Pelas pesquisas que fizemos descobrimos que desde a época da escravatura já existia a figura do papangu aqui em Bezerros. Os estudos dão conta de que era uma brincadeira quando as pessoas iam visitar os engenhos e não queriam ser reconhecidas. Por isso usavam máscaras e se vestiam mal”, explicou o artista plástico da cidade Roberval Lima.
O nome papangu já é autoexplicativo. “O angu é uma comida feita à base de milho típica daqui, e na época era muito servido nas casas quando eles chegavam. Então, o nome veio justamente porque eles comiam, papavam muito angu, para ter energia para brincar”, disse Roberval Lima. Com o tempo, o material usado nas máscaras e fantasias foi mudando, mas o que se conserva até hoje é a intenção de não ter a identidade revelada para aproveitar a folia.
CULTURA
O papangu virou um símbolo tão forte de Bezerros que ele é vivenciado não só no Carnaval, mas durante o ano todo, com oficinas de máscaras e de dança. Agora, claro, no período da festa a cidade inteira se veste em homenagem ao alegre mascarado. A professora Maria de Fátima Almeida decora a casa inteira com o tema e ainda investe na produção de roupas de papangu para o concurso de fantasias. “Essa paixão enorme corre no sangue das minhas veias, há mais de 20 anos que participo dos concursos e para mim é a maior alegria me vestir de papangu, um personagem que encanta o mundo inteiro”, disse Maria de Fátima.
A cultura do papangu é divulgada também por meio da dança, com o grupo Folc Popular que existe desde 2001. As integrantes não escondem a paixão em incorporar o símbolo da cidade. “É uma satisfação imensa representar o papangu, me sinto realizada em vestir essa fantasia e ver no olhar de cada turista aquela alegria contagiante”, afirmou Equilaine Rodrigues.