Rei do Carnaval de Olinda há 86 anos, o Homem da Meia Noite deu um verdadeiro show de emoção e alegria durante seu desfile pelas ladeiras da cidade. O calunga trouxe como tema em 2017, uma homenagem às origens do clube, que teve a maior parte dos fundadores negros. Vestindo as cores verde e branco, o homem que arrasta uma multidão pelas ruas de Olinda fez brilhar os olhos de cada um que acompanhou o percurso de quase três quilômetros.
"O calunga Homenageou Olinda que é uma cidade gigante, histórica. Não tenho palavras para descrever o que vi hoje. Um povo apaixonado, enlouquecido, algo difícil de se ver. Quando digo que o Homem da Meia Noite é algo único na cultura pernambucana, algumas pessoas não entendem. Tem que estar aqui para ver", destacou Luiz Adolpho, presidente do clube há 15 anos.
Paixão dos olindenses, o Homem da Meia Noite, que é Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2006, atrai pessoas de diversos lugares. Levi Batista, de 47 anos, se faz presente no desfile há mais de 30 anos, sempre fantasiado de calunga. Ele mora no Cabo de Santo Agostinho e disse que a distância não impede o amor. "Esse sentimento vem desde a infância, minha mãe sempre acompanhava e espero continuar por muitos anos minha paixão e minha alegria imensurável", comentou.
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A Estrada do Bonsucesso recebeu uma verdadeira multidão à espera do calunga para que fosse revelado o mistério da roupa do galã de Olinda. Poucos minutos antes da saída da sede, já era possível ver que seu traje era branco com detalhes em dourado e verde. "Ele veio com uma coroa lembrando o Rei Momo em um dos punhos, com um horto no outro punho lembrando a cidade, veio com braço o farol da cidade no braço, uma forma muito especial ele brilhou de forma encantadora", disse o presidente da agremiação.
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O grito que anunciou "lá vem o Homem da meia-noite" se mesclou ao som da orquestra do maestro Carlos, que contou com 86 músicos em homenagem aos 86 anos do desfile. O maestro foi um dos homenageados deste ano pelo bloco junto com o Clube de Máscaras O Galo da Madrugada, ao frevo pernambucano, que foi representado pelo cantor André Rio.
"Sou daqui e sinto muitas emoções, é muita história. Sou do tempo que o Homem da Meia Noite ainda tinha carro alegórico. Não consigo enjoar", comentou Luiz Carlos Lopes, de 72 anos. Ele acompanha o calunga desde criança.