A tradicional Noite para Tambores Silenciosos, realizada há 18 anos no Sítio Histórico de Olinda, acontece hoje sem um dos seus principais personagens. Mestre Afonso Gomes, do Maracatu Leão Coroado, e responsável por conduzir a celebração, morreu aos 70 anos em abril do ano passado. Para homenageá-lo, batuqueiros das nações de maracatus vestirão branco. O cortejo que antecede a cerimônia vai sair dos Quatro Cantos às 20h. De lá seguirá até a Igreja de Nossa Senhora dos Homens Pretos, no Largo do Bonsucesso.
Nove grupos de maracatus olindenses vão participar. “Será a primeira Noite para Tambores Silenciosos sem mestre Afonso fisicamente. Mas ele estará conosco em forma de egum. Acredito que será muito emocionante”, destaca o diretor de comunicação da Associação dos Maracatus de Olinda (AMO), Marcionilo Oliveira. O grupo do qual ele faz parte, o Maracambuco, é um dos que vestirá branco.
RUFAR
Durante o cortejo os tambores são entoados. Só silenciam quando começa a cerimônia. Na chegada à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos cada maracatu canta algumas loas. Após o último grupo se apresentar tem início o ritual religioso, por volta da meia-noite, com cantos africanos entoados pelo zelador de santo. Essa era a tarefa de mestre Afonso. “Agora será feita por alguém da família dele”, diz Marcionilo.
Enquanto ocorre a celebração, a frente da igreja é banhada de perfume e, ao final, acontece um dos momentos mais emocionantes, o rufar dos tambores que permanecerão em silêncio, acompanhados da já tradicional queima de fogos. “Essa cerimônia acontece numa segunda-feira porque é o dia das almas. Pedimos licença aos ancestrais e que eles abencoem o Carnaval”, explica Marcionilo.