Foi buscando uma forma de "se virar" que o violinista Eduardo Andrade, de 22 anos, começou a tocar no metrô do Recife, atividade que desempenha há cerca de dois anos. Juntamente com seu parceiro musical, Júnior Maurício, que toca violão e tem 27 anos, a dupla passeia pelos trens do transporte público executando músicas que pertencem ao repertório, com canções de Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Bob Marley e Gilberto Gil, para citar alguns exemplos.
É possível encontrar a dupla de terça-feira a sábado, nas estações das Linhas Centro e Sul do metrô, geralmente no período da manhã. Para Eduardo, a melhor parte do seu trabalho é a repercussão e a interação com o público. "Sempre que terminamos a apresentação nós pedimos uma colaboração, mas não precisa ser dinheiro. Um sorriso já paga todo o esforço. É ótima a interação com o público. Se a gente for pensando no dinheiro, fica triste, porque às vezes ele vem, às vezes não", declara Eduardo.
Ele conta que, quando começou a tocar, o seu parceiro era o irmão de Júnior. "Depois de um tempo, quando Júnior começou a tocar também, o irmão dele acabou desistindo e ficamos só nós dois", explica. Atualmente, tocar no metrô é a única fonte de renda da dupla. "Já tentamos tocar em ônibus, mas como balançava muito, acabamos trocando para o metrô", afirma. Eduardo relata que teme que um dia os músicos sejam retirados do metrô, pois, para ele, a arte deve ser livre e feita para e em qualquer lugar.
"É importante que as pessoas valorizem a arte de rua. A gente tem o acolhimento das pessoas que estão no metrô, no dia a dia. Mas recentemente vimos que estavam tirar os ambulantes e tememos que um dia tirem a gente também", acrescenta o músico. De acordo com a assessoria de imprensa da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), é proibida a presença de bandas e a execução de músicas nas linhas do metrô do Recife.