Transporte

BRT: usuários reclamam de ônibus mal acoplado e porta que não abre

Não é raro reparar numa distância longa entre o veículo e a plataforma, ou em uma porta fechada na hora da parada

Diogo Cavalcante
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Diogo Cavalcante
Publicado em 28/10/2016 às 16:13
Diogo Cavalcante/JC Trânsito
Não é raro reparar numa distância longa entre o veículo e a plataforma, ou em uma porta fechada na hora da parada - FOTO: Diogo Cavalcante/JC Trânsito
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O BRT (Sigla para o termo inglês Bus Rapid Transit, ou Transporte Rápido por Ônibus) está em vigor no Grande Recife desde o ano de 2014. Apesar do período relativamente longo de existência, queixas sobre o transporte ainda são notadas, especialmente no que se refere ao mal acoplamento dos veículos nas estações e as portas de vidro que não abrem na hora da parada.

"Quando fica longe é ruim demais", afirma a estudante Priscila Marques, de 29 anos. No dia da produção desta reportagem, a moça estava levando sua avó para andar de BRT pela primeira vez: "O acesso em si aqui já é dificultoso, por o chão da rampa ser de pedra quadrada. Devia ser mais lisa".

O técnico de laboratório Rodrigo Ferreira da Rocha, 28, diz que é um perigo o mal acoplamento: "Teve um dia que um deficiente visual ia desembarcar e foi complicado por causa da distância da plataforma". O homem ainda afirma já ter visto uma vez a porta do ônibus não ficar emparelhada com a da estação.

Claro que nem sempre é frequente o ônibus ficar mal acoplado: "Eu particularmente só vi uma vez", conta a doméstica Maria do Carmo, 44 anos. "Quando acontece deve ser por falta de experiência do motorista", relata. 

Porta que não abre

Outra dor de cabeça dos usuários é a porta de vidro da estação não abrir na hora que o ônibus acopla. Maria do Carmo conta que, esse caso, já viu muito acontecer: "É comum não abrir. A gente quer descer e ela não abre, aí atrasa a viagem e fica difícil", diz.

"Às vezes a gente quer sair e a porta da estação fica fechada. Outras vezes, ocorre o contrário", conta a analista administrativa Veruska Targino, de 37 anos: "Eu já fui parar em outra estação porque a porta não abriu". 

Como funciona o BRT?


Ilustração: Guilherme Castro/NE10

Nessa história toda, é importante saber como é o funcionamento dessas partes. "Para a correta acoplagem do veículo, existe o tubo guia, que serve para o motorista ter noção da distância entre a porta do ônibus e a sacada da plataforma (termo técnico para aquela parte que fica "de fora)", conta André Melibeu, diretor de operações do Grande Recife Consórcio de Transportes. 

Já a porta, depende do acionamento do motorista. "Quando o ônibus acopla, a porta da estação é aberta pelo motorista do ônibus por meio de um dispositivo. Primeiro abre a porta de vidro e depois a do ônibus". 

Antes a porta de vidro da estação do BRT se abria automaticamente. Entretanto, isso dava muito problema, segundo André: "Era ruim, porque qualquer ônibus que se aproximava, sem ser BRT, acionava a abertura".

Quando a porta de vidro não abre, o provável motivo são falhas simples, como pessoas encostadas ou o vidro fora do trilho: "Nesses casos, o pessoal que fica na catraca ajuda a resolver. Ou então chama uma equipe do Grande Recife pra verificar o que houve".

Os motoristas dos ônibus de BRT passam por treinamento para acoplarem direitinho o ônibus. De acordo com André, a distância considerada segura e razoável é entre 12 e 15 centímetros - praticamente o tamanho de uma caneta, por exemplo. "As empresas capacitaram seus motoristas para que o veículo pare entre 12 e 15 centímetros no máximo", conta. 

A Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco), em nota, comentou que os motoristas que operam os BRTs são profissionais selecionados com ampla experiência na área e com bom histórico, além de passarem por capacitação específica, treinamento prático e constante monitoramento. 



Exemplo de BRT bem acoplado (Créditos:Diogo Cavalcante/JC Trânsito)

Sobre as queixas

A Urbana esclarece que quando há algum problema, as empresas de ônibus "averiguam as condições da viagem, e quando necessário, tomam as providências cabíveis à situação." A empresa comenta também que há situações que causam, de fato, mal acoplamento, especialmente "estações próximas ao raio de curvas, quando falta espaço para o veículo parar com folga, estações instaladas em locais de troca de faixa, e ausência de faixa exclusiva em alguns trechos da viagem."

Um exemplo de local problemático é a estação da Praça do Derby, no Centro da capital pernambucana, usado de exemplo nesta matéria. "Lá realmente é complicado de fazer a manobra de acoplamento, mas recebemos mais reclamações nas estações do corredor Norte/Sul", conta André do GRCT.

No caso do Grande Recife, quando há queixas, a empresa costuma enviar advertência à empresa de ônibus. "Há também a orientação para que reciclem os motoristas", disse.

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