Transporte

Aumento da passagem do metrô do Recife não cobre os custos

O primeiro reajuste acontece domingo (5), quando a passagem vai para R$ 2,10

Thiago Cabral
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Thiago Cabral
Publicado em 30/04/2019 às 7:53
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
O primeiro reajuste acontece domingo (5), quando a passagem vai para R$ 2,10 - FOTO: Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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O aumento na passagem do metrô do Recife, de R$ 1,60 para R$ 4 (até março de 2020), vai diminuir em apenas 20% o déficit nos gastos com operação, folha de pagamento e indenizações do sistema. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o custo previsto para 2019 na Região Metropolitana é de R$ 541,2 milhões, enquanto a arrecadação é de até R$ 70 milhões. Com o acréscimo no valor da tarifa, chegará a R$ 130 milhões no ano que vem. O aumento de 150% no valor do bilhete será progressivo. O primeiro acontece domingo (5), quando vai para R$ 2,10.

“Esse equilíbrio que estamos buscando é para tentar diminuir o déficit da empresa. É um trabalho que tentamos há mais de dois anos para reequilibrar as tarifas do sistema. Só no Recife, onde temos nossa maior operação, há 13 anos não fazemos um reajuste”, destacou o diretor-presidente CBTU, José Marques.

No Brasil, a CBTU já é deficitária. Ano passado arrecadou cerca de R$ 180 milhões anuais, contra um gasto de R$ 1 bilhão, e precisou de subvenção federal. No Recife, além da arrecadação que não cobre os gastos, a CBTU sofre há mais de dois anos com a falta do repasse relativo ao Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) por parte do Grande Recife Consórcio. Segundo a companhia, cerca 56% dos 100 milhões de passageiros anuais são provenientes do sistema integrado, no qual utiliza-se o VEM. Não há previsão de pagamento, e a discussão se estende com o governo do Estado.

“É uma parcela que faz falta no nosso orçamento. Essa dívida está impactando o metrô do Recife. Estamos negociando, porque qualquer atitude da CBTU a maior prejudicada será a população pobre. 60% dos usuários da Linha Centro são das classes C, D e E”, alertou Marques, que aposta em alguma solução do Estado.

O diretor de Planejamento e Relações Institucionais da CBTU, Pedro Cunto, pontuou que será preciso discutir com o governo de Pernambuco uma repactuação do valor da tarifa. “No Recife, quem entra pelo ônibus não paga nada à CBTU, isso é mais da metade dos 200 mil usuários por dia. Em Belo Horizonte, Rio, Brasília, São Paulo ou a tarifa é mais alta ou o Estado subvenciona a diferença”, exemplificou.

O superintendente da CBTU Recife, Leonardo Villar Beltrão, frisou que do jeito que está, o sistema pode não funcionar no segundo semestre. “Se não houver reforço no orçamento, a gente para em julho. Mas a gente prefere não acreditar nisso”, afirmou. A CBTU Recife conta com 27 trens em circulação e 13 parados, necessitando de manutenção.

Opinião dos passageiros

"Independentemente do valor, deveriam pensar em melhorias para o passageiro. Pagamos uma passagem que já é cara e não vemos mudanças. Se vai aumentar, é preciso que isso também chegue em qualidade”, cobra a estudante Giselle Barbosa, que utiliza o metrô diariamente "Eu pego todos os dias quatro conduções, trabalho em Abreu e Lima (no Grande Recife), e já é um gasto muito grande. Do jeito que está já pesa no meu orçamento. Quando aumentar nem sei como vai ficar para mim”, lamenta o mecânico José Ramos Nogueira.

"Creio que essa integração temporal vem para beneficiar. Primeiro, o serviço é barato para o que a integração oferece. Segundo, as pessoas têm que acompanhar a tecnologia. Andar com dinheiro aumenta o risco de você ser assaltado”, alega o programador de sistemas Derick Paulino Ireneu, 28 anos. "De acordo com o que eles (Grande Recife e CBTU) estão falando vai ser bom, mas ainda não existe fiscalização adequada. Sem isso, a integração temporal vai acabar não servindo pra nada. Só irá atrapalhar a vida da gente”, acredita a operadora de telemarketing Girleide Maia, 45 anos.

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