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Internas da Colônia Penal Feminina do Bom Pastor tiveram uma quinta-feira especial. A data (24) marca o primeiro casamento homoafetivo realizado em uma penitenciária brasileira. Seis casais de mulheres selaram a união em uma cerimônia judicial e religiosa. Casais heterossexuais também participaram do casamento coletivo promovido pela Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã (SDHSC) da Prefeitura do Recife. Representantes do governo estadual e municipal também participaram do evento que aconteceu quase um ano após a decisão do Supremo Tribunal Federal [que possibilita aos casais homossexuais converterem a união estável em casamento] entrar em vigor.
"Esse casamento é algo enorme. Essas mulheres, que carregam uma carga negativa, agora têm um ponto positivo a favor delas. A coragem dessas detentas está repercutindo em Pernambuco e vai repercutir no Brasil", Cristina Buarque
O Secretário em exercício da SDHSC, Cirilo Mota, destaca que o caráter inclusivo do evento contempla todas as detentas. "Realizamos uma oficina de produção para a confecção da decoração do casamento. Tudo foi produzido com material reciclado utilizando o lixo produzido aqui mesmo no presídio." As reeducandas também animaram a noite tocando atabaques.
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Grace Kelly Gouveia, 26 anos, está na Colônia há dois anos e quatro meses. Ela cumpre pena por furto. Desde 2009 Grace mantém um relacionamento com a colega de cela Mércia Lima, 22, que cumpre pena por tráfico. "Estamos aguardando a resposta do juíz para sairmos daqui. Queremos morar juntas" declarou. A família do casal não foi à cerimônia.
Kátia Silva, 38 anos, convidou as primas. Há um ano e três meses no presídio, Kátia mantém um relacionamento anterior ao cárcere. "Estou realizada. Sempre sonhei ficar noiva. Em fevereiro entro no regime semi-aberto. Temos uma casa já." A família da companheira de Kátia não apoia a união das duas. Ela preferiu não divulgar o nome da parceira.
A Secretária Estadual da Mulher, Cristina Buarque, ressaltou a importância do evento. "Esse casamento é algo enorme. Essas mulheres, que carregam uma carga negativa, agora têm um ponto positivo a favor delas. A coragem dessas detentas está repercutindo em Pernambuco e vai repercutir no Brasil".
A chefe-executiva da Colônia Penal, Alana Couto, afirmou que a decisão partiu das próprias internas. "As reeducandas nos procuraram para formalizar a união estimuladas pela mudança na lei". Segundo ela, muitos relaciomentos começaram no próprio presídio. "Tivemos a preocupação de dar orientação jurídica a cada uma das detentas. Há três meses eram 35 casais, hoje, 14 [entre casais hetero e homossexuais] estão oficializando a união." ressaltou Alana Couto.
O momento religioso do evento ficou à cargo de Maria Helena Sampaio, representando as religiões de matrizes africanas, e o diácono da Comunidade Cristã Nova Esperança, Toni Marques. "Me sinto orgulhosa por abençoar essa união" declarou a religiosa.
A Secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã (SDHSC), Amparo Araújo, e o Coronel Romero Ribeiro, Secretário Executivo de Ressocialização (Seres) também estiveram presentes no evento.