O Batalhão de Choque da Polícia Militar fez, na manhã de terça-feira (5), uma operação chamada “Pente-fino”, no prédio da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana. Durante a revista, foram apreendidas armas e drogas em várias alas. A operação aconteceu no dia em que o JC publicou denúncias do Ministério Público, sobre irregularidades em unidades de internamento de adolescentes da Funase.
Os policiais do Choque chegaram no início da manhã e passaram uma hora e meia no local. Foram apreendidas facas, armas artesanais (conhecidos como “chunchos”), maconha, cola (para inalação), cachimbos para o consumo de crack e celulares.
Não houve reação em nenhum momento. “Foi uma ação de prevenção. Para apreendermos, principalmente, armas”, disse o coordenador de segurança da Funase do Cabo, coronel João Marvão. Para a PM, operações desse tipo são necessárias para evitar rebeliões. “Entramos com tranquilidade e retiramos os internos dos pavilhões”, explicou o tenente Ricardo Couto, do Choque. “Em seguida, fizemos a revista e conseguimos apreender o material”, disse.
As armas artesanais, as drogas e os celulares, usados pelos internos, não são novidades nas unidades da Funase. A situação já foi denunciada várias vezes por parentes de internos e por instituições, como o Ministério Público de Pernambuco e o Conselho Nacional de Justiça.
O promotor da Infância e Juventude, Josenildo da Costa Silva, disse que a situação na unidade do Cabo de Santo Agostinho é a pior de todas da Região Metropolitana do Recife. “Numa rebelião que aconteceu em janeiro desse ano lá, os adolescentes mataram outros três internos, usando facões novos, industriais”, lembrou o promotor. “Não foram armas artesanais. Como essas armas entraram ali?”, questionou. “Armas com lâminas grandes”.
Para se ter uma idéia da quantidade de material apreendido, numa operação no Complexo Prisional Aníbal, em abril passado, foram apreendidos onze celulares. No local estão presos mais de quatro mil homens. Na operação realizada no Cabo, onde estão internados 338 adolescentes, foram apreendidos 20 celulares. O local tem capacidade para 166 reeducandos.
O presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Betinho Gomes, vai fazer hoje uma visita à Funase de Abreu e Lima. Na sexta-feira passada, o interno José Bernardo da Silva, 16 anos, foi morto e esquartejado durante rebelião na unidade.