O mundo, agora, conhece a realidade de Paulinho e de seus dois primos. A imagem do menino quase submerso no rio de lixo do Canal do Arruda, na Zona Norte do Recife, só a cabeça para o lado de fora, correu o Brasil e atravessou fronteiras. Rodou o planeta. A fotografia, captada pelo fotógrafo Diego Nigro, da agência JC Imagem, foi destaque na terça-feira (5) na capa de grandes jornais brasileiros e em sites e agências internacionais de notícias. É o retrato de um Brasil cotidiano e não mais invisível.
Leia Também
Paulo Henrique Félix da Silveira, ou simplesmente Paulinho, 9 anos, foi citado pela Reuters numa seleção feita pelos editores para as melhores fotos do dia. “Paulo coleta materiais recicláveis enquanto nada com dificuldade no Canal do Arruda, no Recife, no Estado nordestino de Pernambuco. É um dos três filhos de duas famílias da Favela de Saramandaia que ajudam a sustentar suas casas através da coleta de latas de alumínio no poluído canal”, afirma a agência de notícias de Londres.
A página internacional do Yahoo publicou a foto numa escolha semelhante a partir das imagens fornecidas pela Reuters. O site australiano The Age também estampou matéria sobre a cena de uma metrópole da nação emergente.
O britânico First Post disponibilizou uma galeria de imagens. A ESPN repercutiu o fato e citou que Pernambuco será uma das sedes da Copa do Mundo em 2014.
A France TV Info reverberou foto e texto relatando o episódio que chocou o planeta. “No Recife, o jovem Paulo Henrique Félix da Silveira tenta recuperar materiais recicláveis no Canal do Arruda”, diz o veículo francês, que se refere à imagem como “assustadora”. Paulinho trabalhava no Canal do Arruda com os primos Tauã Manoel da Silva Alves, 10; e Geivson Félix de Oliveira, 12. O Paris Match falou sobre “a maré de lixo” e a elegeu a foto do dia.
O material fotográfico registrado duas semanas atrás e publicado com exclusividade na edição do último domingo do Jornal do Commercio foi publicado ainda nas capas da Folha de São Paulo e do Diário do Comércio.
“É dentro da água suja, em meio a latas, pedaços de plástico, móveis, eletrodomésticos e restos de comida e animais mortos que as crianças do bairro, situado a 15 minutos do Centro da capital pernambucana, brincam e ajudam a reforçar o orçamento da família”, descreve a Folha.
SANTA CASA - Ainda ontem, um voluntário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em Portugal, procurou os pais de Paulinho para tentar a inclusão da criança em um projeto social desenvolvido pela entidade lusitana. Magno Santos disse que a Santa Casa quer que o garoto vá estudar em Portugal, onde teria acompanhamento psicológico e ficaria até completar maioridade, sob acolhimento de uma família portuguesa. O programa, geralmente, é voltado para crianças órfãs de países lusófonos, mas a história envolvendo Paulinho teria causado comoção. Em torno de 300 meninos e meninas participam do projeto. “É uma chance para este menino mudar de vida”, frisou Magno.