O empresário Alisson Jerrar Zacarias dos Santos foi condenado a 8 anos de prisão em regime semiaberto pelo assassinato da auxiliar de enfermagem Aurinete Gomes, fato ocorrido durante acidente de carro no cruzamento da Avenida Domingos Ferreira com a Ernesto de Paula Santos, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, no dia 13 de dezembro de 2008. Segundo a justiça, Alisson foi o responsável pelo acidente. Durante o julgamento que aconteceu durante toda a quarta-feira (o resultado do júri só foi divulgado às 0h35 desta quinta-feira (25), Alisson admitiu que tinha bebido horas antes do acidente, mas que a batida não teria sido provocada por ele, mas pelo marido de Aurinete, Wellington Lopes dos Santos, que dirigia sem habilitação. Além de Wellington e Aurinete, a filha do casal também estava no carro. Ela ficou ferida.
Veja vídeo com o marido de Aurinete, Wellington Lopes, falando o que achou da sentença:
Do total dos 8 anos, seis são pela morte de Aurinete e os outros dois por ter vitimado Wellington e o filho do casal. Ele ainda fica impedido de dirigir por seis anos. A defesa de Alisson Jerrar tem oito dias, a partir desta quinta, para recorrer da decisão. Como deve fazer isso, o empresário vai aguardar novo julgamento - ainda sem nenhuma previsão - em liberdade. Caso, no novo julgamento, ele seja novamente condenado, esgotam-se as possibilidades de recorrer. Se for absolvido, entretanto, o Ministério Público é quem pode recorrer.
A sentença foi lida pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques depois da 1h. Dos sete jurados, cinco era mulheres e dois eram homens. "Essa decisão tomada pelo júri é difícil e mostra que o conselho de justiça foi imparcial e corajoso", comemorou a promotora Dalva Cabral.
Durante o julgamento, a defesa de Alisson Jerrar sustentou que o viúvo da auxiliar de enfermagem, Wellington Lopes dos Santos, forçou a travessia e teria causado o acidente. O advogado do empresário chegou a chamar Wellington de "monstro". O avanço do semáforo por Wellington teria sido, na argumentação da defesa – embasada pelas perícias técnicas – a causa determinante da colisão. Por mais de 12 horas, a defesa de Jerrar tentou convencer os jurados de que, apesar de o empresário estar, no início da manhã do dia 13 de dezembro de 2008, trafegando em sua caminhonete Nissan Frontier a mais de 100 km por hora e ter consumido bebida alcoólica, isso não foi atitude determinante para o acidente, embora ilegal. Os advogados Bráulio, Bruno e Fernando Lacerda se apoiaram nos argumentos técnicos dos peritos criminais do Instituto de Criminalística de Pernambuco (IC), responsáveis pelo laudo que, logo após o acidente, apontou que o motorista do veículo que trafegava na Rua Ernesto de Paula Santos foi quem avançou o semáforo, no caso o Fiat Palio dirigido por Wellington, onde viajavam a auxiliar de enfermagem e a filha.
“A causa determinante num cruzamento é o avanço do sinal. Não importa se o carro é velho, a pista é ruim ou a velocidade é alta. E isso foi consenso nas duas perícias, tanto a nossa como a da Polícia Federal. O mesmo aconteceu com o semáforo que aparece nas imagens de um edifício e de um restaurante. Ele está vermelho na hora da colisão. A diferença é que, pela análise que fizemos das mesmas imagens analisadas pela PF, o semáforo vermelho era o que regulava o tráfego da Ernesto de Paula Santos. Já os peritos federais entenderam que era o que dava para a Domingos Ferreira”, argumentou José Henrique Medeiros, perito do IC.
A perícia do IC defendeu que, após o acidente, o semáforo que regulava o tráfego da Ernesto de Paula Santos havia sido destruído e, por isso, o reflexo verde que aparece nas imagens da colisão são referentes ao equipamento voltado para a Domingos Ferreira.
Quando falou no julgamento, Alisson sustentou a hipótese de quem não foi o culpado. “O sinal estava aberto para mim. Vi apenas um vulto azul. Ainda tentei frear, mas não consegui evitar a colisão. Ele (Wellington Lopes) é quem foi irresponsável, forçou a passagem e provocou a morte da própria esposa”, acusou.