A paralisação de uma semana dos servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) foi decretada ilegal pela Justiça. Mesmo assim, nesta sexta-feira (4), o primeiro dia previsto para a mobilização, o atendimento foi comprometido na sede do órgão, que fica no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife. O sindicato que representa a categoria afirma que ainda não foi notificado oficialmente sobre a decisão judicial.
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O presidente da entidade, Alexandre Bulhões, afirma que vai recorrer e manter a paralisação. A pena em caso de descumprimento da decisão é de R$ 30 mil diários.
O repórter Rafael Carneiro, da Rádio Jornal, esteve na sede do Detran-PE no início da manhã e o atendimento estava mantido, porém, a partir das 8h, apenas 30% dos profissionais estavam fazendo o atendimento da população. Os usuários conseguiram receber documentos e fazer exames, além de outros serviços terceirizados. Vistorias de veículos e transferência de propriedade eram os mais comprometidos.
A paralisação, no entanto, é negada pelo Detran-PE. O presidente do órgão, Charles Ribeiro, afirma que a mobilização não é da totalidade dos servidores. "Não acreditamos que isso vá continuar porque eles são pessoas responsáveis e vão cumprir a decisão da Justiça, não manter a greve sem negociar com o Estado", disse. Ribeiro orientou os usuários a usar o site do Detran-PE para solicitar os documentos e agendar a entrega, apesar da paralisação prometida pelos servidores.
A categoria tem três reivindicações principais nesta paralisação, que foi prometida para durar uma semana, até a próxima sexta-feira, dia 11. Os servidores reclamam que nenhum reajuste salarial foi dado no ano passado e afirmam ter perdas de mais de 30% nos últimos dez anos. "Há novas taxas, acrescentando R$ 200 milhões à receita e dizem que não têm dinheiro para repor as perdas dos trabalhadores", reclamou Bulhões.
A conta não bate com a do órgão, no entanto, que afirma que, no mesmo período, houve um acréscimo de 88% acima da inflação. Ribeiro ressaltou ainda que, devido à crise, a manutenção dos salários, sem reajustes, segue uma tendência de todos os setores do Estado.
Os trabalhadores se queixam ainda sobre o plano de cargos e carreiras. Os servidores reconhecem que o acordo de reclassificar 366 deles foi cumprido no fim do ano passado, mas se queixam que não houve, até agora, o pagamento dos valores retroativos a março. Para o Detran-PE, essa diferença não chegará aos servidores. "O Estado tem que cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Devido à crise, não pode fazer muita coisa", reconheceu o presidente do Detran-PE.
A última reivindicação é sobre o plano de saúde. De acordo com o presidente do sindicato, o edital para contratar a empresa deveria ter sido lançado em agosto do ano passado, mas isso não foi feito até agora. "Emergencial é um precedente que a lei abre para casos em que você não teve tempo, mas estamos no quarto emergencial e não é publicado o edital", defendeu Bulhões. "O plano de saúde definitivo é uma questão técnica que a Secretaria de Administração está resolvendo, mas há o plano de saúde emergencial e eles estão sendo assistidos. Só recolhe 2% do salário, não tem do que se reclamar", rebateu Charles Ribeiro.