Quase dois anos depois do incêndio que destruiu metade da sede do movimento Pró-Criança, no bairro dos Coelhos, área central do Recife, nada do que foi atingido pelo fogo foi reconstruído. Doações iniciais recebidas após campanhas foram suficientes apenas para manter a organização funcionando, mas ainda há a necessidade da reconstrução do espaço, orçada em R$ 4,5 milhões. Na época do incêndio, ainda em 2014, o Governo do Estado prometeu um auxílio de R$ 1 milhão, nunca recebido. Hoje, não há nenhuma previsão para as obras serem iniciadas.
Mesmo sem recursos para começar obras de reestruturação, a esperança de quem trabalha no local não é abalada. “Quando isso aqui estiver pronto vou fazer uma faixa de cima a baixo para agradecer a todos, não importa se doou um milhão ou cinquenta centavos”, desabafa Antônio Vicente, que há 18 anos trabalha como gestor da sede dos Coelhos.
De cima do prédio é possível ver o que restou do incêndio, marcas de 25 de agosto de 2014. Apenas paredes de tijolo estão de pé. Entre a destruição só há o esboço dos espaços que abrigavam crianças: algumas tigelas de barro resistem onde antes havia uma sala de artes; no local onde funcionava o almoxarifado é possível perceber restos de uma geladeira. Antônio afirma que todos os objetos que forem encontrados intactos no meio da destruição farão parte de um museu quando o prédio for reconstuído. Para ele, não há espaço para a descrença.
O movimento Pró-criança, criado pela Arquidiocese de Olinda e Recife, tem outras duas sedes na RMR e se mantém através de doações. Nos Coelhos, crianças têm a oportunidade de fazer atividades culturais antes ou depois da escola, em alguns casos, atividades que rendem frutos para a vida toda. “O pró-criança foi a base para tudo o que eu sou hoje”, lembra Júnior Santos, que morava no bairro de Salgadinho quando começou a fazer um curso de fotografia na instituição em 2004. Com auxílio dos professores ele pôde continuar trabalhando na área e conhecer o mundo, hoje, mora e trabalha com fotografia na cidade de Zurique, na Suíça.
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Para não parar as atividades, a instituição precisou contar com a caridade de cidadãos. “Com o apelo de dom Fernando Saburido nós conseguimos doações em torno de R$ 720 mil, com isso aí nós recuperamos salas abandonadas, estamos trabalhando meio precariamente mas já temos mais meninos atendidos do que antes do incêndio”, afirma Sebastião Barreto Campelo, presidente da instituição.
Com o anúncio do auxílio dado pelo Estado, porém, a situação das doações mudou. “Depois que o governo anunciou a doação de R$ 1 milhão as pessoas diminuíram as contribuições, só que não foi recebido nada (do dinheiro prometido)”, lembrou o presidente. Antes do incêndio eram 600 crianças, hoje são cerca de 800, que mesmo sob improviso, continuam a realizar as atividades e aguardam a reestruturação da sua segunda casa.
O Governo do Estado informou que a doação no ao movimento Pró-criança está prevista para o orçamento de 2016 e deverá ser dividida em quatro parcelas, que não têm uma data exata para ser pagas, só serão repassadas quando houver uma janela de pagamento.
Banco do Brasil
Agência: 1833-3
Conta Corrente: 18816-6
Banco Bradesco
Agência: 0290-9
Conta Corrente: 74151-5
