A casa de número 410 da Rua Capitão Lima, em Santo Amaro, bairro da área central do Recife, tem novo uso desde maio de 2016, quando reabriu como um albergue. Com 20 leitos espalhados em quatro quartos, A Ponte Hostel fica no trecho próximo à Avenida Cruz Cabugá, a meio caminho da Cidade Alta de Olinda e do Bairro do Recife.
Pintada de amarelo, beliches coloridos e piso de ladrilho hidráulico da construção original em alguns ambientes, a hospedaria se soma a outros empreendimentos inaugurados na Rua Capitão Lima nos últimos anos, em especial restaurantes. “É o resgate de mais um imóvel no bairro”, comenta Roberto Lima, proprietário do hostel.
Ex-funcionário do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ele abriu o albergue quando perdeu o posto de trabalho. “Tenho 51 anos, encontrar outro emprego na minha idade seria difícil”, afirma Roberto Lima, conhecido por Beto. Como sempre gostou de receber convidados em casa, decidiu ingressar no ramo da hospedaria.
Ele aproveitou a vocação natural para receber hóspedes, um curso realizado no Senac na área de alimentação e as observações feitas em viagens internacionais para mudar de ramo. “Fui me aperfeiçoando e graças a Deus tudo está dando certo”, comemora. Ele alugou o imóvel em Santo Amaro e devolveu à fachada a feição de moradia perdida em reformas anteriores.
O nome do albergue é uma homenagem às pontes do Recife e os quartos foram batizados com denominações de quatro pontes históricas do Centro, diz Beto Lima. O quarto para uso exclusivamente feminino é o Princesa Isabel. Os dormitórios mistos são Maurício de Nassau e Duarte Coelho. E o quarto de casal é o Boa Vista.
De acordo com o proprietário, a hospedaria vem atraindo um público diversificado, mas com predominância na classe artística. “Também recepcionamos estudantes brasileiros e estrangeiros que participam de intercâmbio, de pessoas que vêm ao Recife fazer provas de concurso e jovens do Rio Grande do Norte e da Paraíba, Estados vizinhos, que vêm a shows e eventos de fim de semana na cidade.”
COLETIVIDADE
A diária custa R$ 50 (por pessoa) para os quartos coletivos e R$ 150 para o dormitório de casal, com direito a café da manhã. “Incentivamos os hóspedes a usarem a cozinha, com toda liberdade. Tudo é compartilhado, como se eles estivessem em casa”, diz. Além da ação coletiva na cozinha, os visitantes são orientados a separar o lixo seco dos entulhos orgânicos.
Como não há coleta seletiva na rua, Beto junta lata, vidro, plástico e papel e leva para central de reciclagem de Santo Amaro. “O caminhão que recolhe o lixo passa três vezes por semana, mas a rua está mudando de perfil e ficando com mais estabelecimentos comerciais. Por isso, a coleta deveria ser revista, pois geramos mais lixo que as moradias”, observa. Limpeza e falta de estacionamento (em determinados horários do dia) são apontadas como deficiências pelo empreendedor.
A ideia inicial, diz ele, era abrir a hospedaria no Bairro do Recife. “Mas o aluguel lá é caro e os prédios são muito degradados. Eu não teria o dinheiro para fazer a obra de recuperação.” A Rua Capitão Lima foi sugerida pela esposa dele. “Gostei da proposta, estamos perto da mídia e o lugar é bem servido de restaurantes e de transporte público”, declara.
“Fiquei desempregado para gerar emprego”, diz, bem humorado, enquanto apresenta o albergue. Seis pessoas trabalharam para ele durante a reforma da casa. O hostel tem uma funcionária, com perspectivas de contratar mais outra, adianta Beto Lima.