Um menino de 7 anos, Ricardo Alejandro Nascimento da Silva, morreu na manhã de ontem na área rural de Araçoiaba, no Grande Recife, soterrado pela queda de uma barreira. Ele estava com o irmão de 10 anos, Carlos Silva, que conseguiu sobreviver. Segundo populares, o desmoronamento ocorreu enquanto uma escavadeira trabalhava na área, retirando barro, próximo da entrada do Engenho Purgatório. A máquina seria do filho de um político da cidade.
As crianças viviam no Engenho Cumbe. Conforme registros de policiais da Delegacia de Paulista, que estavam de plantão na região, não se sabe se os meninos brincavam ou trabalhavam na retirada de barro. Moradores da cidade alegam, por sua vez, que os garotos brincavam no topo da barreira, enquanto a máquina removia a areia do pé do morro. Bombeiros constataram que a área não estava devidamente isolada, o que seria necessário para evitar acidentes durante a escavação.
Os registros policiais não fazem referência ao proprietário nem à pessoa que guiava a escavadeira. Um policial militar do 17º Batalhão, que tem posto na cidade, contou que, logo após o acidente, o operador da máquina fugiu, sem prestar socorro às vítimas.
Profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) prestaram os primeiros socorros. Eles encontraram o garoto de 10 anos, Carlos, apenas com a cabeça livre do barro. O resto do corpo estava ainda soterrado. O mais novo, Ricardo, foi removido já sem vida. “Carlos recebeu oxigênio ainda quando estava soterrado e não sofreu nada grave”, explicou a enfermeira Elaine Omena, da Unidade Mista de Araçoiaba, o hospital municipal. O garoto foi levado ao serviço, passou por exames, ficou em observação e recebeu alta no início da tarde, voltando para sua residência.
O fato de a cidade contar com uma base do Samu facilitou a assistência ao sobrevivente. Cercada por canaviais, Araçoiaba fica a quase 40 quilômetros de distância do Recife e não é fácil acessar a sua zona rural, por causa de estradas precárias. O acidente ocorreu antes das 9h. O corpo da criança morta foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal, no Recife, para exames. Policiais também solicitaram perícia no local.
