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Detentos da Penitenciária Agroindustrial São João fazem rebelião

O tumulto foi confirmado pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) e um efetivo de 50 policiais do Batalhão de Choque foi ao local

Do JC Online
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Publicado em 13/02/2014 às 9:51
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Atualizada às 12h14

Detentos da Penitenciária AgroIndustrial São João (PAISJ) em Itamaracá, no Grande Recife, realizaram uma rebelião dentro da unidade na manhã desta quinta-feira (13). No confronto com agentes penitenciários, alguns presos foram baleados. Pelo menos dois detentos morreram, após serem levados para a UPA de Igarassu. Um outro preso está no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, em estado grave. A informação oficial da Secretaria de Ressocialização (Seres) é de que 10 pessoas ficaram feridas.

Os presos protestavam contra a direção do presídio que, segundo eles, tem tratado mal os presos e visitantes, reclamaram da alimentação oferecida e do uso da tornozeleira. Eles queimaram colchões e levantaram faixas com palavras de ordem. O Samu e o Corpo de Bombeiros foram até o local para socorrer os feridos. As manifestações teriam começado na noite da última quarta-feira (12) e reincidiram nesta manhã.

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Um efetivo de 50 policiais do Batalhão de Choque foi ao local.  Com a chegada do BP Choque, o clima da manifestação foi amenizado, após um pequeno confronto, com uso de bombas de efeito moral e balas de borracha. O CB informou que quatro viaturas foram enviadas para Itamaracá.

Do lado de fora do presídio, era possível ouvir os manifestantes gritarem palavras de ordem, como: Fora o diretor! Fora o diretor! Alguns detentos subiram no telhado da penitenciária, armados com pedaços de madeira. Uma faixa foi erguida com a frase "O diretor matou 5" e os manifestantes gritavam que o suposto assassinato teria sido com uma pistola ponto quarenta. Familiares dos presos já estão na portaria, mas não foi permitida a entrada de ninguém.

O secretário executivo de ressocialização, Romero Ribeiro, declarou que será aberta uma sindicância para apurar como os detentos se feriram. Agentes penitenciários informaram aos familiares a identidade dos presos feridos, para aliviar a preocupação. Apesar da maior reivindicação do movimento ter sido a saída do atual diretor, Ricardo Luiz Pereira, o secretário não revelou nenhuma posição do governo sobre o assunto.

A PAISJ é um presídio de regime semiaberto que possui capacidade para 650 pessoas, mas comporta 1.870 detentos, dos quais 450 saem todos os dias para trabalhar, com uma tornozeleira de monitoramento. O promotor da vara de execuções penais de Pernambuco, Marcelus Ugiette, também confirmou a situção complicada em Itamaracá. "Um tumulto em um presídio semiaberto já é uma situação estranha, porque é um regime menos rígido, não é comum haver motins. Estão confirmados os feridos, mas ouvi que podem ter quatro mortos", disse Ugiette.

Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Familiares dos detentos foram proibidos de entrar no presídio - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Batalhão de Choque organiza Penitenciária Agroindustrial São João, após rebelião - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Familiares dos detentos foram proibidos de entrar no presídio - Foto: Diego Nigro/JC Imagem

O preso Luciano Ceciliano da Silva foi baleado no início da rebelião e testemunhas comentaram que a direção negou socorro ao ferido. A esposa de Luciano, Ana Celina Miranda estava na porta do presídio, mas como não era dia de visitas, a entrada dela foi proibida. "Ligaram para mim de 7h pra dizer que meu marido tinha sido baleado. Mas o negócio é muito precário, eles não me deixaram entrar, eles tratam muito mal as visitas", reclamou Celina.

Celina contou ao JC que as condições oferecidas pelo presídio são muito precária. Luciano estava preso havia 3 anos pelo crime de homicídio e devia ser libertado neste ano. Mais de uma vez, a esposa do preso reclamou do tratamento que a diretoria da PAISJ dá aos detentos e visitantes.

Bruna Freitas também é esposa de detento e relatou enorme indignação em relação à gestão de Ricardo Pereira. "Depois que esse diretor entrou aí começou esse inferno. Ele proíbe tudo que a visita leva para entrar, tudo que a visita leva, ele tira da bolsa. Não entra uma sardinha, não entra nem uma garrafa de suco", contou Freitas. Ela comentou que os presos não passavam por esses problemas na gestão anterior, com Roger Moury.

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