As últimas palavras em homenagem ao jovem Adriano Egito Santiago Ramos, 26 anos, assassinado no último domingo por policiais militares, foram ditas justamente por um membro da corporação. “Eu, como policial militar, me envergonho. Infelizmente, algumas uvas podres fazem parte da policia. Mas a justiça será feita”, disse Lucas Augusto Rodrigues, que é amigo da família de Adriano há 30 anos, momentos antes do caixão ser sepultado no Cemitério Parque das Flores, no bairro Sancho, Zona Oeste do Recife.
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O enterro começou por volta das 10h desta terça Lucas Augusto é policial militar há 26 anos e garantiu conhecer bem a vítima. “Ele era um bom rapaz, trabalhador e eu afirmo com toda certeza que ele não tinha e nunca teve uma arma. Foi bem educado pelos pais, era um rapaz direito. Ele não atirou contra os policiais.” Após fazer um discurso em solidariedade aos demais amigos e familiares, Lucas pediu que todos rezassem um pai nosso. Logo em seguida, o corpo de Adriano foi enterrado enquanto todos pediam em coro por justiça.
O delegado Ivaldo Pereira, da 4ª Delegacia de Homicídios e responsável pelo caso, informou que segundo os policiais militares, a perseguição começou quando a viatura da Patrulha do Bairro da Madalena tentou interceptar o carro de Adriano, que estaria em alta velocidade. Próximo à Rua Cosme Viana, em Afogados, a vítima teria parado, mas segundo os PMs, ao tentarem disparar contra os pneus para evitar uma nova fuga, Adriano teria arrancado com o veículo e só parou após colidir com uma segunda viatura, da Patrulha do Bairro da Mangueira. Em nota, a Polícia Militar informou que os quatro policiais estão recebendo acompanhamento psicológico.
Adriano era o mais novo de três irmãos. Os familiares, apesar da comoção, se mostraram bastante calmos durante toda a cerimônia. “A ficha ainda não caiu. Acho que só vou sentir quando a investigação for concluída e tudo estiver resolvido”, afirmou o irmão de Adriano, o jornalista Cristiano Ramos.