Segurança pública

Core: força policial extra em meio ao caos

Conheça a unidade tática e de força da Polícia Civil. Muitas vezes confundida com os militares, a tropa foi às ruas durante a greve da PM

Wagner Sarmento
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Wagner Sarmento
Publicado em 17/05/2014 às 14:34
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Conheça a unidade tática e de força da Polícia Civil. Muitas vezes confundida com os militares, a tropa foi às ruas durante a greve da PM - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Em meio à greve dos policiais militares e à lacuna de dois dias na segurança pública do Estado, uma sigla ganhou as ruas e, mesmo com um efetivo insuficiente para dar conta da onda de crimes, chamou atenção: Core. Os desavisados poderiam pensar que se tratava de uma unidade da PM que não havia aderido à paralisação, mas não. A Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) é o braço da Polícia Civil responsável pelo uso da força. Ainda pouco conhecida, com apenas meia década de existência e alçada à condição de diretoria somente no final do ano passado, a Core é o pelotão de elite da instituição e desempenha função decisiva de apoio operacional às delegacias, entradas táticas, condução de presos, proteção a autoridades ameaçadas, ações marítimas e treinamento para uso de armas.

Antigamente denominada Diretoria de Operações (DO) e em seguida Unidade de Comunicações e Operações Policiais (Unicopol), a Core até 2008 vivia sucateada e minimizada dentro da Polícia Civil. Eram só duas viaturas e uma atribuição que se resumia a custodiar detentos. O nome e a concepção foram importados do Rio de Janeiro. O efetivo cresceu. Hoje são 110 homens, 13 viaturas, dois ônibus táticos, duas embarcações, seis cães farejadores e a primazia sobre todo o arsenal da corporação. “A Core passou por uma transformação através dos tempos e adquiriu status de diretoria. É uma unidade estratégica”, observa o chefe da Polícia Civil, Osvaldo Morais.

Das 234 prisões realizadas durante a greve, a Core efetuou mais de 80. Foram 23 equipes da coordenação tentando remediar a situação de ausência dos PMs. O balanço, avalia o diretor da Core, delegado José Silvestre, foi positivo. “O que fizemos foi um trabalho social. Não fomos às ruas na função de PM, mas como força de segurança pública que não poderia deixar de agir diante do pânico que se instaurou. Nunca sabemos em que ocasião podemos ser inseridos, mas nosso treinamento serviu para ajudar”, ponderou.

Num cenário de normalidade, a Core não realiza investigações. A unidade é acionada para dar suporte às delegacias em operações, resgates, sequestros e cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão. É a força que entra em ação quando a inteligência precisa. “Muitas vezes não aparecemos e a ideia é essa mesmo. Somos um grupo tático. É feito filme americano. A gente é o time que invade, toma e controla o local. Fazemos com que o investigador não se exponha”, explica Silvestre.

A existência da Core busca quebrar o estigma que associa disciplina, organização e hierarquia à PM. A tropa é a única da Polícia Civil que conta com um símbolo – a tradicional caveira cruzada por duas espingardas. O fardamento é artigo obrigatório, sobretudo nos serviços de rua. “Nos acostumamos a achar que esses atributos são coisa da PM, mas temos que fugir desses estereótipos. O fato de usarmos uniforme é organização, mas também proteção. Há momentos, numa ação, em que é preciso identificar rapidamente quem é o policial e à paisana às vezes é complicado”, afirma Silvestre. Outra confusão se dá pela nomenclatura do Grupo de Operações Especiais (GOE), também da Polícia Civil. “O GOE é uma delegacia antissequestro. Nós somos a unidade de operações especiais”, ressalta.

A Core está dividida em Unidade de Operações Especiais (Uniope), Unidade de Operações Táticas (Uniot), Unidade de Planejamento e Logística (Uniplog) e Unidade de Fiscalização das Atividades Controladas (Unifac), além da Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva.

O chefe da Uniope, delegado Diogo Faria de Almeida, diz que as duas embarcações realizam atividades de repressão qualificada e segurança costeira. Num Estado litorâneo e entrecortado por rios, barco é viatura. Já os seis cães farejadores da raça labrador se dividem em dois grupos: três para identificar drogas e três, para armas e explosivos. Durante a apuração da reportagem, os policiais civis esconderam um punhado de maconha e um revólver para fazer uma demonstração. A procura durou cerca de dois minutos. “A presença deles facilita muito nossas varreduras”, frisa. Na Copa do Mundo, a Core atuará ao lado da PM, da Polícia Federal e do Exército nas ações antiterrorismo.

SEDE - Apesar do incremento recebido nos últimos anos, a sede da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), na Rua Lourenço de Sá, no bairro de São José, área central do Recife, respira precariedade. A sala de recepção já dá noção exata da realidade: sofá rasgado, ar condicionado de janela e sem a tampa, TV ultrapassada. Os problemas estruturais, no entanto, estão com os dias contados. Um terreno na entrada de Olinda já foi adquirido e a obra será licitada nas próximas semanas. A previsão é que o novo prédio da Core fique pronto até o final do próximo ano.

Leia reportagem completa na edição do Jornal do Commercio deste domingo (18)

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