A Operação Pernambuco não foi suficiente para manter sob controle o número de homicídios no Estado. Mesmo com o fim da greve da Polícia Militar, o que representou o retorno de 20 mil homens às ruas, e com a presença de 2.250 militares do Exército, a quantidade de assassinatos cresceu. De 13 a 15 deste mês, período da paralisação da PM, foram registrados 40 crimes violentos letais intencionais em Pernambuco. Já entre os dias 16 e 18, quando a situação atípica já havia sido normalizada, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que ocorreram 46 mortes, acréscimo de 15%. Em maio, a média diária pré-greve era de 9,8 homicídios, saltou para 13,3 durante o movimento e voltou a subir para 15,3 no fim de semana.
Os dados foram apresentados somente depois da entrevista coletiva do governo estadual e do Exército, no Palácio do Campo das Princesas, no início da noite de ontem. O secretário Alessandro Carvalho procurou desvincular as mortes à paralisação da PM. “Uma coisa é a greve, mas nas sextas, sábados e domingos, por rotina, sempre tem um aumento no número de mortes. Saiu da curva, mas não podemos dizer que foi em razão da greve. Isso não é porque a polícia não foi para a rua ou foi e não trabalhou”, argumentou.
As próprias estatísticas da SDS, no entanto, revelam um sobressalto. No período entre 9 e 11 deste mês, que corresponde ao final de semana anterior à greve, Pernambuco teve 35 CVLIs, bem abaixo do cenário registrado de 16 a 18. No comparativo com os quatro fins de semana de maio do ano passado, o aumento nos assassinatos também ressoa – foram 25, 24, 33 e 33 mortes. A assessoria de imprensa da SDS salientou que o balanço de homicídios do final de semana passado ainda não era consolidado, podendo haver alterações.
Apesar de não ter conseguido reduzir os assassinatos no Estado, a Operação Pernambuco normalizou o caos social que havia se instaurado sobretudo na Região Metropolitana do Recife com a greve da Polícia Militar. O Exército empregou 1.300 militares no Grande Recife e outros 950 no interior. A PM, por outro lado, lança diariamente 5.300 homens por dia às ruas. A verificação feita nos últimos dias mostrou que 100% do efetivo da PM voltou ao trabalho.
“De sexta-feira para cá, houve uma consolidação nas condições de segurança pública em Pernambuco, o que nos permite afirmar que a missão das Forças Armadas está sendo cumprida. Em breve faremos outra avaliação para rever a real necessidade e, se assim for decidido, suspender nossa participação”, declarou o comandante da 7ª Região Militar, general Jesus Correia.
O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), assinado pela presidente Dilma Rousseff, é válido até o dia 29 deste mês, mas o governador João Lyra Neto não confirmou se vai usar o efetivo da Força Nacional e do Exército até o término do prazo. Reuniões de monitoramento são realizadas diariamente.
Mesmo com o temor de uma paralisação geral das polícias prevista para amanhã, o general garantiu que o Estado não voltará a viver dias como os da semana passada, quando a falta de vigilância gerou uma onda de saques, assaltos e terror. “Não vai ter nada que afete a população. O sentimento de tranquilidade retornou. Andei pelo Recife todo e vi que a rotina voltou, com comércio aberto e pessoas circulando”, frisou.
SINDICÂNCIA - A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social instaurou ontem sindicância para investigar a conduta de policiais militares durante a greve. A apuração será conduzida pelo corregedor auxiliar Mário Messias, coronel da reserva, e visa avaliar eventuais transgressões cometidas por líderes ou participantes do piquete da PM. Inquérito Policial Militar também foi aberto. A SDS não adiantou quantos PMs serão investigados.
“É dever do ofício do Estado quando ocorrem transgressões. É preciso confirmar quem participou e qual o limite de envolvimento de cada um”, afirmou Alessandro Carvalho. Um dos líderes do movimento, o soldado Joel Maurino, do 18º BPM, disse não ter retaliações por ter comandado o movimento.
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