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Falhas da Polícia Civil na investigação da morte de promotor

No pedido de federalização do caso, Procuradoria-Geral da República aponta série de equívocos

Jorge Cavalcanti e Margarethe Andrea
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Jorge Cavalcanti e Margarethe Andrea
Publicado em 31/10/2014 às 13:37
Foto: Guga Matos/JC Imagem
No pedido de federalização do caso, Procuradoria-Geral da República aponta série de equívocos - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), identificaram falhas na investigação comandada por delegados da Polícia Civil. Por isso, decidiram pedir ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que interceda junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em favor da entrada da Polícia Federal no caso, para desvendar quem foram o mentor e os executores do assassinato do promotor de Itaíba Thiago Faria Soares, 36 anos. Entre os erros, os promotores questionaram a ausência da advogada Mysheva Martins, noiva da vítima, na lista de investigados.

Diferentemente da Polícia Civil, o Gaeco considerava três teses para elucidar a morte de Thiago Faria, no dia 14 de outubro de 2013, em uma emboscada na PE-300, rodovia que liga as cidades de Itaíba, onde a vítima trabalhava, e Águas Belas, onde residia. Além do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, preso no Centro de Triagem (Cotel) de Abreu e Lima desde a última terça-feira, o ex-noivo de Mysheva Glécio Oliveira Júnior e um tio dela, Laduíno Martins de Albuquerque Neto, também eram considerados suspeitos. A exclusão de Mysheva entre os investigados dificultou a coleta de informações que pudessem confirmar ou negar as duas linhas de trabalho levantadas por promotores, mas desconsideradas por delegados.

Entre as dez falhas enumeradas pelo Gaeco e transcritas no pedido de federalização enviado à Procuradoria-Geral da República e depois ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), os promotores questionaram o porquê de computador, celular e chip de Mysheva terem sido devolvidos a ela nas primeiras 48 horas de apuração do homicídio. A advogada também estava no carro que sofreu a emboscada. Thiago Faria dirigia enquanto ela estava no banco do carona. A devolução dos objetos impediu a “análise de seus vínculos e seus relacionamentos nos momentos anteriores ao crime”, registraram os promotores. Ausência de acareação entre envolvidos e Mysheva, “mesmo diante das versões tidas por contraditórias” da advogada, também foi notada.

O promotor de Itaíba foi executado em uma área conhecida como Triângulo da Pistolagem e dominada por grupos de extermínio, com o poder de fogo e político em municípios do Agreste pernambucano, próximo à divisa com Alagoas. Além de Thiago e a noiva, um tio dela estava no carro emboscado. Por meio da assessoria, a Polícia Civil afirmou que não comentaria mais nada sobre o caso. O JC tentou contato com Mysheva, mas não obteve êxito. Além do fazendeiro José Maria, José Marisvaldo Vítor da Silva, conhecido como “Passarinho”, 52 anos, está detido. Ele foi pego pela Polícia Federal na cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia, quarta-feira.

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