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Fuga por um túnel expõe fragilidade do sistema prisional

Pelo menos sete presos escaparam da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, na madrugada desta quinta-feira

Jorge Cavalcanti
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Jorge Cavalcanti
Publicado em 19/12/2014 às 5:49
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Pelo menos sete presos escaparam da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, na madrugada desta quinta-feira - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O túnel de aproximadamente dez metros de extensão por onde fugiram pelo menos sete presos da Penitenciária Professor Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, no Grande Recife, foi cavado a menos de 30 metros da entrada principal da unidade, considerada pelo Estado como de segurança máxima. O grupo escapou na madrugada e até as 20h de ontem nenhum detento havia sido capturado. De acordo com a Secretaria-Executiva de Ressocialização (Seres), a quem cabe a administração do sistema prisional pernambucano, os homens começaram a cavar em um galpão onde funciona uma marcenaria. Do lado de fora, o túnel foi aberto bem ao lado da muralha. A guarita mais próxima fica a menos de 50 metros do buraco. No momento da fuga, não havia policial militar ou agente penitenciário no local. Outros quatro dos nove pontos de vigilância estavam descobertos. O secretário de Ressocialização, Humberto Inojosa, reconheceu a fragilidade do sistema prisional e disse estar convencido de que houve “conivência ou omissão”. 

Assim como todas as outras unidades do sistema prisional, a Barreto Campelo está superlotada. Construída para abrigar 1.140 homens, mantém encarcerados hoje 1.912. O número corresponde a 68% a mais do que a capacidade. Para a penitenciária, só são enviados os já condenados pela Justiça. Na manhã de ontem, a Seres havia identificado seis dos sete fugitivos. Eles cumpriam pena por homicídio e latrocínio, roubo seguido de morte. O Estado não divulgou nome nem fotografia dos foragidos.

O JC foi a Itamaracá na manhã de ontem, quando a fuga já estava confirmada oficialmente pela Seres. Na unidade, além da presença dos dois peritos do Instituto de Criminalística (IC), nada mais parecia fora da normalidade. Não havia reforço na segurança e a guarita mais perto do túnel continuava desocupada. Duas grandes pedras e uma barricada de ferro demarcavam o local do túnel. Bem perto dali, a menos de dez metros, há uma escada que leva para o alto da muralha, por onde passam os policiais militares quando vão fazer a troca de plantão.

A fuga na madrugada de ontem ocorreu menos de dois anos depois do último registro de evasão na Barreto Campelo. Em março de 2013, oito detentos escaparam por um buraco na muralha e sob uma das nove guaritas de segurança. À época, o Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp-PE) divulgou um levantamento apontando que menos da metade dos pontos de policiamento das unidades prisionais funcionava ativamente. Nas 18 unidades que constavam no relatório, entre elas a Barreto Campelo, apenas 60 das 132 guaritas tinham guardas. O número representava 45% do total. A situação permanece igual. 

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