Segundo a Polícia Científica de Pernambuco, a morte do sargento da Polícia Militar Carlos Silveira do Carmo, 44 anos, ocorrida no último dia 19, no Complexo do Curado, Zona Oeste da cidade, não foi causada por arma de fogo, como se especulava. O laudo da perícia tanatoscópica – exame do cadáver para identificar a causa da morte – aponta que Silveira faleceu em decorrência de “traumatismo raquimedular decorrente da ação de instrumento corto-contundente”. Significa que, para os peritos do Instituto de Criminalística, ele foi atingido por algum objeto como foice, facão, machado e derivados, na altura do pescoço. Mas, segundo Henrique do Vale, um dos gestores da área, apenas a investigação policial poderá dizer de que forma e em que momento o militar foi atingido.
Ainda de acordo com o relatório da Polícia Científica, o sargento apresentava (palavras textuais) “uma lesão na face, causada por instrumento pérfuro-contundente, diferente dos ferimentos produzidos por projétil de arma de fogo. Esta lesão não representou fator relevante para o óbito”. O texto termina afirmando, categoricamente, que “nenhum dos ferimentos apresentava evidências de ter sido produzido por projétil de arma de fogo”.
O delegado João Paulo Andrade, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), confirmou conhecer o relatório da Polícia Científica, mas disse não poder fornecer outras informações. Ele assegurou estar empenhado em descobrir a autoria do ferimento que vitimou Carlos Silveira. A reportagem também tentou contato com a família do sargento, mas não teve retorno. O gestor interino do DHPP, Ricardo Silveira, afirmou, durante a conclusão do inquérito sobre a agressão do tenente da PM Joaci Justino da Silva (acusado de agredir o vigilante de um bar no Derby, área central do Recife), na manhã de ontem, que a Polícia Civil está perto de um desfecho para o caso do sargento.
Carlos Silveira do Carmo foi atingido quando se dirigia à guarita central que divide as três unidades do Complexo Prisional do Curado. Era manhã de segunda-feira, 19 de janeiro, e a rebelião que durou três dias, e se estendeu para a Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, tinha acabado de estourar. Silveira foi socorrido por policiais e agentes penitenciários, mas acabou falecendo no local. A rebelião ainda deixou outros dois mortos, os detentos Evaldo Barros da Silva Filho, 34, e Mário Antônio da Silva, 52, este último decapitado e esquartejado por outros presos.
O sargento Carlos Silveira tinha 22 anos de Polícia Militar, maior parte servindo no Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV). No dia do enterro do militar, familiares afirmaram, em reserva, que ele estava insatisfeito por trabalhar nos presídios, pois não tinha o treinamento adequado para a função. Silveira estava há seis meses atuando na guarda do Complexo do Curado. O policial deixou esposa e duas filhas.