Embora procurasse se manter escondido, o personagem incorporado por Pasquale Scotti no Brasil, o empresário Vicente de Castro Visconti, apareceu em matéria publicada pelo Jornal do Commercio no dia 9 de julho de 1998. Ele se identificou como gerente da International Brocker's Ltda, empresa que trabalhava com importação e exportação de alimentos, localizada no Centro Empresarial João Roma, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Lojas e escritórios de quatro dos seis andares do centro foram arrombados na madrugada anterior, por seis criminosos.
A empresa que gerenciava trabalhava com importação e exportação de alimentos e havia sido aberta por Pasquale junto com outro italiano, que conhecera no Brasil, segundo informou à polícia quando preso. Ela foi fechada em 2009. Na época do assalto, Visconti informou ao JC que os ladrões haviam levado dinheiro do escritório, mas não disse a quantia. Os ladrões não pouparam nem o Consulado da França, que ficava no sexto andar e tinha forte esquema de segurança.
Quem imaginaria que o gerente entrevistado sobre o assalto se tratava de um dos mafiosos mais procurados na Itália, de onde fugiu em 1984, por homicídios, ocultação de cadáver, tráfico, extorsão, corrupção, ameaças, entre vários outros crimes cometidos enquanto integrava a Nuova Camorra Organizzata (NCO)? Que ele era condenado à prisão perpétua em seu país e tinha mando de captura internacional expedido desde 1990?
Com a identidade de empresário que gerenciava seus negócios no Recife, Pasquale pode manter uma das atividades que praticava na máfia: a de administrador. Conforme informações da polícia italiana, ele administrativa os bens e investimentos da NCO na Itália e no ‘exterior.
