O policial militar que disparou contra o estudante Marcelo Laureano Gomes Filho, 16 anos, está afastado das atividades operacionais até a conclusão do inquérito aberto pela corporação, em 60 dias. Segundo a Polícia Militar (PM), há relatos dos envolvidos na abordagem de que o tiro foi acidental. A delegada Gleide Ângelo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP0 também investiga as circunstâncias do ocorrido e enviou uma equipe de peritos para Escada, município da Zona da Mata Sul do Estado, onde ocorreu o caso.
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"O disparo de arma de fogo é um recurso do policial. Porém, todo protocolo operacional visa à preservação da vida. Há relatos de que o disparo foi acidental, mas o inquérito vai apontar a responsabilidade. Os membros da Ciosac (Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área da Caatinga), como os quatro envolvidos, usam armamento pesado, a exemplo do fuzil, porque atuam em áreas inóspitas, mas só os inquéritos vão poder mostrar qual arma e munição foram usadas. O afastamento é preventivo, estamos falando de um policial militar que tem 29 anos de carreira e possui um comportamento excepcional", afirma o porta-voz da PM, Julio Aragão.
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Os quatro policiais que abordaram o jovem prestaram depoimento ontem na sede do DHPP, no Cordeiro, Zona Oeste do Recife. O advogado do autor do tiro, Eduardo Morais, afirma que o sargento está muito abalado com a situação. "No depoimento, ele afirmou que tudo levava a crer que era uma situação de risco, por causa do horário, dos dois carros parados em frente a duas agências bancárias e da recusa em obedecer às orientações do grupo tático. Meu cliente não vai se eximir de qualquer responsabilidade", relata.
Segundo informações preliminares, os oficiais abordaram dois carros que estavam estacionados em frente a duas agências bancárias, por volta das 23h das última terça-feira. Um dos veículos era uma caminhonete S10 conduzida por Marcelo, que estava acompanhado de outras três pessoas, e o outro, um Corola branco, sem placa, com duas pessoas dentro. Duante a abordagem, o jovem teria se recusado a parar e tentado realizar manobra para fugir. Em seguida, o comandante da guarnição tática atirou. Segundo o chefe do núcleo de perícia do DHPP, Fernando Benevides, em dez dias serão feitos todos os exames necessários. "Vamos realizar coletas e encaminhar para o setor de balística. O veículo será levado a um local adequado para perícia. Se for preciso, realizaremos uma reprodução simulada".
A delegada Gleide Ângelo garante que todos os elementos serão analisados. "Estou começando a investigação agora. Vou fazer a ouvida de todos os envolvidos, procurar testemunhas, filmagens, reunir todas as provas. Vamos fazer tudo que for preciso".