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"É muita tristeza morar com um homem durante oito anos, ter quatro filhos com ele, e descobrir que na verdade não o conheço”. Foi com essa declaração que uma dona de casa de 36 anos, mãe de nove filhos, resumiu ao JC o drama da sua família, ao ver seu marido, 65 anos, preso no Centro de Observação e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, sob acusação de ter estuprado suas filhas. Casada com o suposto pedófilo, ela soube que o esposo, que a espancava, também abusava de suas filhas, fruto de outro relacionamento. A revelação foi feita pela filha de 13 anos, estuprada há 3 anos pelo padrasto, na casa onde a família mora, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, depois que o homem, que trabalha como kombeiro, foi preso por espancar um de seus irmãos mais novos, de apenas 10 anos.
A menina de 13 anos estava em casa com o irmão, quando o padrasto pediu para o menino sair por um tempo. O irmão, que já sabia dos abusos - porque dormia no mesmo quarto da adolescente - voltou para casa mais cedo e flagrou a cena de violência sexual. Com raiva do garoto, o homem passou a espancá-lo. Vendo o irmão ensanguentado, a vítima correu pela rua para pedir socorro. Na delegacia, o kombeiro prestou depoimento, negou o abuso à enteada, pagou fiança pelo espancamento e foi liberado. Na ocasião, a mãe não estava em casa, mas no hospital, com a filha caçula, de 1 ano de idade.
Registrado na Central de Flagrantes, o caso foi transferido para a Delegacia Seccional de Camaragibe, onde passou a ser investigado pela delegada Euricélia Nogueira. Outra filha da dona de casa, uma jovem de 18 anos, resolveu aproveitar o depoimento da irmã mais nova para contar que também foi estuprada pelo padrasto. A jovem chegou até a sair de casa, aos 15 anos, para não ter que conviver com o idoso.
Preso por estupro de vulnerável, o kombeiro foi transferido para o Cotel, onde aguarda os trâmites do processo judicial. Se condenado, ele pode pegar pena de detenção de seis a 10 anos pelo crime. Além disso, também pode ser condenado de um a três anos pela agressão ao enteado de 10 anos. A esposa dele, entretanto, disse que vai aguardar a conclusão do julgamento para ter certeza de que ele estuprava as suas filhas.