POLÍCIA

Novo batalhão é tentativa do Estado de conter violência no interior

O Governo de Pernambuco tenta frear crescente onda de violência com instalação de novos batalhões e delegacias

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 12/03/2018 às 7:42
Diego Nigro / JC Imagem
O Governo de Pernambuco tenta frear crescente onda de violência com instalação de novos batalhões e delegacias - FOTO: Diego Nigro / JC Imagem
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Diante da explosão da violência no interior, o governo do Estado tenta dar uma resposta. Ainda tímida, mas não deixa de ser um sinal para os criminosos depois de a região registrar alarmantes 3.062 mortes violentas em 2017, 470 a mais que no ano anterior. E o principal contra-ataque do Estado chegou a Caruaru, no Agreste, onde houve 262 mortos, o terceiro município com mais assassinatos no ano passado (perdeu para Recife e Jaboatão dos Guararapes).

A reação do governo tem nome e sigla: 1º Batalhão Integrado Especializado de Policiamento (Biesp). Trezentos novos policiais militares foram formados para atuar no batalhão, inaugurado no dia 14 de novembro do ano passado, e que reúne unidades especializadas como Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas (Rocam), Radiopatrulha, Batalhão de Choque, Companhia Independente de Policiamento dom Cãese Policiamento de Trânsito.

De acordo com a polícia, foi graças à instalação do Biesp, que Caruaru reduziu pela metade o número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) – homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte – registrados em janeiro do ano passado, em comparação com o mesmo período deste ano. Em 2017 foram 20, contra 10 em 2018.

Também houve queda nos Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP). Foram 652 ocorrências em janeiro de 2017, enquanto em janeiro deste ano aconteceram 363, uma redução de 44%. Além de Caruaru, o batalhão dá apoio a 14 municípios da Área Integrada de Segurança, que registrou diminuição nos índices de homicídio de 56% (de 43 para 19) e de roubos 45% (de 980 para 533), na comparação entre os dois meses.

“Quando fizemos o planejamento lógico pensamos no que seria ideal, mas imaginávamos que o resultavo viria a médio, longo prazo. Porém com esse conseguimos atingir as metas antes e para isso foi fundamental o trabalho com o 4º batalhão e o serviço de inteligência. Empregamos nosso efetivo nos locais certos onde os índices de criminalidade são maiores”, afirmou o major Flávio Carneiro, do Biesp.

Na opinião de moradores, Caruaru continua violenta. Todavia, a sensação de insegurança diminuiu um pouco. “Percebemos que com a chegada do batalhão o policiamento em algumas áreas realmente melhorou e ficamos um pouco mais tranquilos para circular pela cidade”, disse a estudante Ingrid Nayanne.

O comandante do batalhão, tenente-coronel Antônio Menezes, faz planos ambiciosos. “Nosso grande desafio é fazer Caruaru sair do mapa da violência e transformá-la em uma das cidades mais seguras de Pernambuco, onde as pessoas de bem possam ir e vir. O nosso recado para os bandidos é que eles mudem de lugar”, avisou.

INVESTIMENTO

Para combater a criminalidade no interior, o Estado aposta na criação do 2º Biesp, em Petrolina, no Sertão, de Delegacias de Repressão ao Narcotráfico nos municípios do Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Serra Talhada, Ouricuri e Petrolina e de unidades de Polícia Científica em Nazaré da Mata, Palmares, Afogados da Ingazeira, Arcoverde, Caruaru, Salgueiro, Ouricuri e Petrolina. Entre os anúncios estão também a criação do 26º Batalhão em Itapissuma, no Grande Recife, e da 11ª Companhia Independente da Polícia Militar, em Lajedo, no Agreste.

Entrevista Antônio de Pádua

“O Pacto pela Vida ainda é modelo”

Diante da crescente interiorização da violência, o secretário Antônio de Pádua garante que o governo está tomando as medidas necessárias e reitera que o programa Pacto pela Vida segue com êxito em Pernambuco . “É naturalmente diferente do que era em 2007, está evoluindo”, disse.

JORNAL DO COMMERCIO – Diante dos números podemos falar que o interior é o grande desafio para a segurança pública em Pernambuco?
ANTÔNIO DE PÁDUA – Sem dúvida nenhuma o interior do Estado teve a violência ampliada em todo o território. Isso obviamente nos alerta para que a gente faça cada vez mais ações interiorizadas. Antigamente se pensava que apenas a capital e a Região Metropolitana tinha essa problemática do tráfico de drogas. Mas infelizmente o crack, a droga mais consumida no Estado, se interiorizou e assim o tráfico também se interiorizou. É possível se identificar em algumas comunidades a intensificação dessa criminalidade, cuja consequência são mortes. Mas a gente tem trabalhado bastante para que essa realidade mude. Em 2017, podemos ver que no recorte do segundo semestre há uma diminuição do número de homicídios em relação ao primeiro semestre. Em janeiro de 2018 se vê claramente essa diminuição em relação a janeiro de 2017. Em Caruaru, por exemplo, a redução é de 50%, comparando os dois meses.

JC – Como combater o tráfico de drogas em uma região em que a presença do Estado ainda não é tão forte quanto na capital?
PÁDUA – A gente sabe que cerca de 60% das mortes que acontecem no Estado são em razão do tráfico de drogas. São pequenos grupos que brigam por espaço pela comercialização de entorpecentes. O crack é a motivação maior dessas mortes. É um grande enfrentamento e por isso apostamos nas novas delegacias de combate ao narcotráfico, na interiorização da polícia científica e na criação dos novos batalhões para trabalharmos não somente fazendo investigação do varejo do entorpecente, mas efetivamente no atacado.

JC – O senhor concorda que a crescente violência no interior deve-se a um afrouxamento do Pacto Pela Vida, e que ele não está mais dando resultado?
PÁDUA – A política do Pacto pela Vida é uma das mais exitosas de que temos notícia não só em Pernambuco, mas no País inteiro. Ele ainda é um modelo de segurança exportado para os outros Estados. A própria Secretaria Nacional de Segurança contempla o Pacto como uma política bem-sucedida. E ela está cada vez melhor porque há cada vez mais integração. Ele naturalmente é diferente do que era em 2007, está evoluindo. Assim como a criminalidade evolui, a segurança pública precisa evoluir para fazer frente a essa violência.

 

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