“Só enganação”. É assim que se sente uma das mulheres lesadas por um cabeleireiro que divulga combos promocionais na rede social do salão de beleza e, segundo as denúncias, depois some, sem dar explicação às clientes que pagam à vista pelo serviço que nunca receberam. Além dela, um grupo com mais de 14 vítimas também passaram pelo mesmo.
Entre os serviços oferecidos pelo salão “May Luz Hair Stylist” está a coloração do cabelo, com uma técnica chamada de “White Surf”, com direito a dois tratamentos capilares de cauterização e outro procedimento de bioplastia. O valor deste “combo”, como é ofertado pelo estabelecimento, é de R$ 250, que “deve ser pago adiantado, para garantir a vaga da cliente na promoção”. Esta é a história que as garotas escutaram do proprietário Matheus Luz. O instagram do salão tem mais de 10 mil seguidores e ainda não se sabe ao certo quantas pagaram e não receberam o serviço prometido.
Ainda nessa quinta-feira (2), o dono do salão de beleza postou nas redes sociais a promoção ofertada por ele. Em conversa com a reportagem do Jornal do Commercio, Matheus alega que passou por problemas pessoais e no momento não poderia oferecer o serviço às clientes, que segundo ele, não quiseram acordo e exigem a devolução do dinheiro.
Entre os relatos recebidos pela equipe de reportagem está uma cliente que desistiu de correr atrás do dono do salão, de quem espera a devolução do dinheiro há cerca de 9 meses. O que dificulta é que o rapaz está sempre de mudança e nunca tem o endereço fixo para atender à clientela.
“Ninguém acha ele. Conseguimos achar o endereço da família dele, que também reclama dos vários fornecedores de produtos de salão que vão até lá cobrar as dívidas, que ele compra e não paga”, relata uma das vítimas, que preferiu manter a identidade em sigilo.
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No período da contratação do combo o estabelecimento ficava no bairro de Engenho Velho, em Jaboatão dos Guararapes, onde também era a casa do proprietário do salão. Em uma mensagem encaminhada às clientes no mês de março, em um dos últimos contatos, o rapaz relatou que a falha no atendimento se dava por conta de uma mudança de imóvel. “Estou indo para um novo espaço, localizado em Areias, por motivos pessoais e para o bem de todas clientes”, disse por mensagem no whatsapp às garotas que aguardavam o serviço. ”Agora mais que nunca vamos estar mais organizados”, continuou o rapaz, que ainda ressaltou que qualquer dúvida estaria disponível para atendê-las.
Versões
Há controvérsias. As denunciantes relatam inúmeras tentativas de contato. “Passamos mais de 3 horas na frente da casa dele. Sabíamos que ele estava em casa, mas não vinha atender. Até um comerciante contou que várias pessoas vêm fazer cobrança e ele faz como se não tivesse”, lamenta a mulher. Por outro lado, Matheus Luz garante que está disposto a resolver a situação e aguarda as mulheres em seu salão, que agora está localizado na Avenida Izabel de Góes, número 1309, no bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. “Elas podem vir aqui, que vamos resolver isso. Outras meninas já vieram e a gente realizou o procedimento e está tudo certo”, conta o cabeleireiro.
O dono do salão ainda afirma que não fará a devolução do dinheiro para aquelas que fizeram pelo menos um tipo de tratamento. “Algumas dessas meninas foram no meu salão e eu apliquei o tratamento no cabelo delas, mas por faltar os produtos para fazer as luzes, o que eu não tinha o material para fazer na época, elas exigiam o dinheiro de volta, mas isso eu não faço. Dei a opção de converter o valor em outro serviço, mas elas não aceitam”, relata Matheus.
“Agora está tudo normal. Fui lesado por uma empresa de produtos de cabelo. Comprei R$ 3.500 neste revendedor e nunca recebi o material que eu usaria no cabelo das minhas clientes”, se defende o empresário.
Insatisfeitas, as clientes, que aguardaram por meses um posicionamento do rapaz, registraram uma queixa contra ele. No Boletim de Ocorrência há o relato de que “diversas vezes as vítimas tentaram acordo com o autor, porém ele não cumpre com o acertado”. O caso está sendo investigado pelo delegado Victor Hugo, da Delegacia de Jaboatão dos Guararapes, município onde o salão estava instalado há poucos meses.