A reprodução simulada da morte do médico Denirson Paes da Silva, 54, realizada nesta sexta-feira (14), comprova a autoria da farmacêutica Jussara Paes, 55, no assassinato do marido. A reconstituição, porém, não descarta a participação do filho mais velho do casal, Danilo Rodrigues, 23, também apontado como autor do crime. Ao todo, foram mais de 10h de trabalho até que todas as alternativas possíveis do crime fossem verificadas. Durante mais de quatro horas de simulação, nove peritos criminais da Polícia Científica estiveram no local refazendo os passos dos suspeitos no dia 31 de maio, data da morte do cardiologista. O resultado pericial da reprodução será divulgado em até 30 dias pela Polícia Civil.
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Mesmo já tendo divulgado a conclusão do inquérito no dia 30 do mês passado, pela primeira vez a Polícia realizou a simulação do assassinato do médico. A verificação começou por volta das 8h da manhã quando, trajado com o uniforme do Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), Danilo chegou na delegacia de Camaragibe, na Região Metropolitana. O jovem está preso desde o dia 4 de julho, quando através de um mandado de busca e apreensão no condomínio Torquato Castro, onde a família morava em Aldeia, Camaragibe, foram encontrados os restos mortais do cardiologista. Separadamente, chegou na delegacia a sua mãe, que está presa desde a mesma data.
Apesar da Polícia Civil ter apontado no inquérito os dois como os autores do crime, Jussara confessou, no último dia 3 deste mês, ter assassinado e esquartejado o marido sozinha. A motivação teria sido a descoberta de um caso que o médico tinha. Segundo o inquérito policial, apresentado no último dia 30, o médico foi esganado ainda na cama e carregado do quarto do até um corredor próximo ao quiosque, onde foram dadas pancadas que afundaram o seu crânio. A partir daí, começou o esquartejamento. Com um serrote, a coluna de Denirson foi cortada em duas partes, e o corpo foi dividido em pedaços. Segundo o exame tanatoscópico, houve ainda a tentativa de carbonizar os restos mortais do médico num local próximo a cacimba. A carbonização não foi concluída.
Jussara chegou por volta das 8h30 na delegacia e estava com ar tranquilo. Trajando o uniforme da Colônia Penal Feminina, a farmacêutica foi interrogada por cerca de 1h40 após o interrogatório do filho. Quando já eram 14h, seis viaturas da polícia saíram da delegacia de Camaragibe e se dirigiram para o local onde ocorreu o crime. Na saída, Jussara já aparentava estar bastante abatida e fragilizada. Às 14h10, o comboio policial chegou ao condomínio Torquato Castro e começou a reprodução simulada. Participaram da reconstituição: Danilo, o filho mais velho; Daniel, o filho mais novo do casal; Zefinha, a doméstica da casa e Uiraqtan, pessoa que ajudou Jussara com a ocultação do cadáver.
O perito Diego Costa contou que com a simulação foram elucidadas várias alternativas para a morte do médico. “Recriamos várias possibilidades e vários cenários. Basicamente isso servirá para confrontarmos se o que já temos materialidade, coaduna com o que tem no depoimento dela”, explicou após finalizar a simulação. Já o perito Fernando Benevides adiantou que foram esclarecidas muitas dúvidas do inquérito. “Fizemos a parte interna e externa, e conseguimos elaborar alguns resultados que serão divulgados posteriormente”, contou. A parte externa que Benevides se refere, é o roteiro que Jussara fez após o crime.
Segundo os peritos, Jussara teria ido em dois locais para comprar material de construção e para pegar uma pessoa que a auxiliou na quebra da casinha. Mesmo sem saber do assassinato, esta pessoa teria ajudado Jussara na ocultação do cadáver- colocando os entulhos da casinha na cacimba onde os restos mortais do médico foram encontrados. “É precoce eu falar se daria para ela fazer sozinha o ato. Mas utilizamos um indivíduo que se aproxima em altura e peso com o Denirson para tentarmos fazer o fato o mais equiparado possível com o que aconteceu e conseguimos tirar algumas dúvidas, e somar com coisas já confirmadas”, destacou Benevides.
O que diz o advogado de defesa
Representando a defesa de Jussara e Danilo, o advogado Alexandre Oliveira contou não acreditar que tenha sido o filho mais velho que ajudou a farmacêutica. Mas afirmou acreditar na presença de uma terceira pessoa no crime. ”Eu vou conversar novamente com Jussara na segunda, porque particularmente eu senti em algumas partes da reprodução simulada a necessidade de haver uma terceira pessoa ali.”