Um psicólogo de 35 anos que atua na profissão há sete anos é suspeito de ter atirado em duas pessoas após agredir sua ex-companheira, na madrugada desta quarta-feira (4), no Mar Hotel, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Eles estavam separados há dez dias e vieram à capital pernambucana acompanhados da mãe do psicólogo para uma consulta médica para o filho deles, que tem quatro meses.
Segundo a polícia, o homem, que é servidor do Tribunal de Justiça da Paraíba, na Vara da Infância e da Juventude de Guarabira, desde janeiro de 2017, consumia bebidas alcoólicas, o que teria desagradado a mulher, que decidiu subir para o quarto onde estavam hospedados. Em seguida, o psicólogo e sua mãe também subiram. De acordo com a polícia, foi a partir desse momento que a mulher começou a ser agredida pelo ex-companheiro e ex-sogra. Apesar das agressões, a mulher não procurou atendimento médico. O bebê não sofreu agressão.
Posicionamento do Mar Hotel
O Mar Hotel, onde ocorreu o episódio, soltou nota para informar que "lamenta profundamente o incidente ocorrido na noite desta terça (03/12)". O texto diz ainda que os procedimentos adequados foram seguidos e que os feridos "foram imediatamente socorridos e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira e depois transferidos para o Hospital da Restauração (HR). O Pontes Hotéis & Resort está dando toda a assistência aos funcionários e familiares, assim como colaborando com a investigação policial", diz a nota divulgada à imprensa.
Atirou contra funcionários
Os policiais disseram também que ao perceber as agressões, dois empregados do hotel foram até o quarto onde o suspeito e a ex-companheira estavam hospedados para tentar impedir que a mulher fosse agredida e acalmar os ânimos dos envolvidos. Nesse momento, o suspeito sacou uma arma de fogo e atirou contra os funcionários, um segurança e um mensageiro. As vítimas, identificadas como José Fernando Freire da Silva, 43 anos, e José Edson Lima Júnior, 37, foram levadas para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, área central do Recife, e o estado de saúde deles é estável.
Ainda de acordo com a polícia, ao descer do quarto, o psicólogo tentou atirar contra um terceiro funcionário do hotel, um chefe de cozinha. Ao sair do estabelecimento, o homem tomou um carro de assalto e, dessa vez, tentou atirar contra duas pessoas que estavam no veículo, mas não conseguiu. O psicólogo fugiu e ainda não foi encontrado pela polícia. Segundo o delegado Bruno Gabriel, responsável pelo caso, as buscas pelo suspeito continuam. Ainda de acordo com ele, a polícia acredita que o suspeito já tenha abandonado o carro em que fugiu e pegado outro veículo para continuar a fuga.
Por meio de nota, a Polícia Civil afirmou que a 3ª Delegacia de Polícia de Homicídios está investigando o caso, tratado como tentativa de homicídio contra os dois funcionários do hotel. A corporação disse ainda que a mulher que sofreu as agressões foi conduzida para a 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, em Santo Amaro, no centro expandido do Recife.
À polícia, a vítima disse que não sabia que o ex-companheiro andava armado. Ela também afirmou que, apesar da separação, tentava uma reconciliação com o homem que, segundo ela, já teria a agredido outras vezes. Apesar de ter afirmado que a ex-sogra também lhe agrediu, a mulher preferiu não denunciá-la.
Segundo a polícia, uma medida protetiva foi solicitada à Justiça e o caso foi enquadrado na Lei Maria da Penha.
Também por meio de nota, o Conselho Regional de Psicologia 13ª Região (Paraíba) afirmou que por o suspeito "não se encontrar no exercício profissional de psicólogo no momento do fato ocorrido, não há como o Conselho Regional de Psicologia tomar medidas em seu desfavor, por razão dos limites legais de suas atribuições".
O JC entrou em contato com o TJPB, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
#UmaPorUma
A violência contra a mulher é constante e frequentemente acaba em tragédia. Existe uma história para contar por trás de cada feminicídio em Pernambuco. O especial #UmaPorUma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram e as motivações dos crimes. Além disso, acompanhou as investigações e cobrou a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis de vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime. Nesse especial, há a dor que não vai passar, mas que gera – precisa gerar – reação, cobrança, enfrentamento para ajudar a prevenir e, principalmente, salvar vidas.
Ligue 180
Se você, mulher, for vítima de agressão, denuncie. Ligue para o número 180. A ligação gratuita e confidencial, esse canal de denúncia funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, no Brasil e em outros 16 (dezesseis) países: Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco e Boston), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela.
Além de registrar denúncias de violações contra mulheres, encaminhá-las aos órgãos competentes e realizar seu monitoramento, o Ligue 180 também dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de atendimento e acolhimento.
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