BOA VISTA

Corregedoria da SDS investigará conduta de policial após denúncia de homofobia e agressão no Recife

Secretário parlamentar diz que ele e o namorado foram expulsos do transporte que solicitaram por aplicativo e, em seguida, foram agredidos por um PM

JC Online
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Publicado em 07/01/2020 às 23:19
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Secretário parlamentar diz que ele e o namorado foram expulsos do transporte que solicitaram por aplicativo e, em seguida, foram agredidos por um PM - FOTO: Foto: Luisi Marques/JC Imagem
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A Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) informou nesta terça-feira (7) que investigará a conduta de um policial militar após denúncia de homofobia e agressão envolvendo turistas que passavam férias no Recife. De acordo com o secretário parlamentar e psicólogo Eliseu de Oliveira Neto, 41 anos, na madrugada de sábado (4), ao sair de uma boate no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, ele e o namorado, Ygor Higino, 23, foram expulsos do transporte que solicitaram por aplicativo e, em seguida, foram agredidos por um PM.

“Será realizada investigação preliminar a fim de que, caso haja elementos suficientes, seja instaurado Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) ou sindicância para apurar os fatos relatados", diz trecho da nota divulgada pela SDS.

Também em nota, a Polícia Militar afirmou que, mesmo sem receber registro de queixa de conduta irregular, o 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM) “deu início a um procedimento interno de investigação, para apurar possíveis responsabilidades no caso”.

O motorista de transporte por aplicativo envolvido no caso negou, por meio do presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Pernambuco (Amape), Thiago Silva, qualquer atitude homofóbica.

“O que ele nos relatou é que eles estavam se agredindo dentro do veículo e para preservar a segurança e integridade física dele e dos passageiros, ele optou por procurar local seguro para realizar o desembarque dos passageiros. Foi justamente na Avenida Conde da Boa Vista, onde encontraram um carro da polícia. Outro motorista, que não tem vínculo com ele, nos procurou através das redes sociais e relatou que no dia anterior fez uma viagem com o casal saindo das mesmas imediações e os dois se agrediram”, disse Thiago Silva, em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (7).

De acordo com Thiago, o motorista citado está acionando judicialmente os passageiros. “Ele está convicto de que não cometeu nenhum episódio de homofobia, inclusive, está movendo uma ação por calúnia e difamação contra os passageiros. Nós da Amape estaremos buscando a empresa 99 através da justiça para que ele seja reintegrado”, afirmou.

Para o secretário parlamentar que fez a denúncia, a versão apresentada na coletiva convocada pela Amape é surreal. “Não tem o menor cabimento. Tem várias testemunhas que nos viram na boate. No vídeo mesmo, se eu estivesse brigando com meu namorado, apareceríamos brigando. O vídeo é a maior prova de quem estava brigando com quem”, disse Eliseu Neto sobre as imagens do momento em que o motorista para o carro atrás de uma viatura policial.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a denúncia. O delegado Breno Varejão, da Delegacia da Boa Vista responsável pelo inquérito para apurar a denúncia, ouviu Eliseu e o namorado na segunda-feira (6). Mas, o secretário parlamentar, que está com passagens marcadas para voltar a Brasília nesta quinta-feira (9), pretende ir novamente à delegacia nesta quarta-feira (8) para acompanhar um parente do motorista que, segundo ele, prestará depoimento “para confirmar o histórico de lgbtfobia”.

“Alguém ligado a ele ficou sensibilizado porque já sofreu homofobia dele e conversou comigo. Até então, eu estava tentando poupá-lo. Quando eu descobri que tinha histórico, falei com a pessoa que iríamos juntos à delegacia para mostrar que não é caso isolado”, explicou Eliseu.

Ao relatar o caso à imprensa, o secretário havia dito o seguinte: “Meu namorado estava falando comigo, fazendo carinho. O motorista simplesmente parou e mandou a gente sair, cancelando a corrida. Falei que era absurdo e que iria denunciar ao aplicativo (a conduta do motorista). Desci do carro e falei que ia tirar uma foto da placa, então o motorista disse que ia chamar a polícia. Tinha uma viatura parada perto, eu não sei o que motorista falou ao policial, mas ele já chegou até nós violento”.

Eliseu classificou o ocorrido como “duplamente ruim”. “Fico bem chateado por como militante, ver alguém querendo tirar minha credibilidade, dizendo que machuco meu namorado, e como turista, por ver que um fato desses acaba com as férias”.

DENÚNCIA

Em caso de violação de direitos, a população LGBT pode fazer denúncias ao Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH) por meio do (81) 3182-7665/ 3182-7607, pelo [email protected] ou na sede do órgão, na Rua Santo Elias, 535, Espinheiro.

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