Móveis fora do lugar, vidros quebrados e documentos espalhados. Este era o cenário na casa que fica na Rua Visconde do Uruguai, na comunidade do Cardoso, no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife, onde a fotógrafa Leandra Jennyfer da Silva, de 22 anos, foi assassinada, na madrugada deste domingo (9). Ela e o suspeito, o companheiro e empresário Raphael Cordeiro Lopes, de 32 anos, haviam voltado de uma prévia de carnaval, em Olinda, no Grande Recife, e teriam iniciado uma briga. Após agressões físicas, o homem disparou contra Leandra, que chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
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De acordo com o 13º Batalhão da Polícia Militar, a corporação foi acionada por volta das 6h45. O suspeito utilizou um revólver calibre 38. Eles teriam iniciado a discussão quando chegaram na residência. Depois da briga, Raphael teria saído. Quando retornou, eles teriam lutado, até que o homem efetuou o disparo. Em seguida, Raphael foi até a casa da babá do filho do casal, informou o que havia feito e fugiu.
Os dois eram casados há quatro anos e tinham um filho de um ano e meio. Leandra também possuía um filho de um relacionamento anterior, de seis anos.
Vítima chegou a ser socorrida
A vítima foi socorrida e encaminhada para o Hospital Getúlio Vargas, que fica no bairro do Cordeiro, também na Zona Oeste. Segundo a mãe de Leandra, Josiane Oliveira, os dois brigavam constantemente e Raphael era bastante ciumento. Nas redes sociais, o casal compartilhou vídeos e fotos momentos antes do crime, ainda durante a prévia de carnaval.
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) estiveram no local onde a mulher foi assassinada, recolheram a arma usada pelo suspeito e dois celulares. Imagens das câmeras de segurança da casa ajudarão a polícia a entender a dinâmica do crime, desde o momento em que os dois chegaram da festa até a fuga do suspeito.
Por meio de uma nota, a Polícia Civil informou que o principal suspeito é o companheiro da vítima, que é ex-presidiário e usuário de drogas. A polícia também declarou que o homem está foragido e que esteve no local para fazer os primeiros levantamentos. O caso será investigado pela Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). O corpo de Leandra foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML), que fica no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife.
Leia a íntegra da nota da Polícia Civil sobre o caso:
A Polícia Civil informa que, na manhã deste domingo, dia 09, uma mulher de 21 anos foi morta a tiros na comunidade do Cardoso. O principal suspeito do crime é o companheiro da vítima, que é ex-presidiário e usuário de drogas, entretanto o mesmo se evadiu para destino ignorado. Policiais da força tarefa de homicídios foram até o local e fizeram os primeiros levantamentos. O caso ficará sob a investigação da delegacia de homicídios.
"Eu sempre dizia para ela: 'minha filha, se livre dele'"
A mãe de Leandra, Josiane Oliveira, conta que já havia aconselhado a filha diversas vezes para dar um fim ao relacionamento, devido aos comportamentos de Raphael. Josiane relata que ela criava o neto mais velho e que a fotógrafa havia se afastado da família depois que casou com o empresário. "Eu cheguei do trabalho hoje, que eu trabalhei ontem no De Bar em Bar, fui me deitar. Acordei com a ligação da menina que toma conta do filhinho dela, dizendo que havia acontecido um acidente. Ela disse que Leandra tinha sido ferida no braço. Quando eu chego, ela já vem chorando dizendo que minha filha estava morta", afirma.
De acordo com Josiane, após cometer o crime, Raphael teria ido na casa da babá do filho do casal e assumido que teria matado a esposa. Josiane explica que Raphael e Leandra brigavam com frequência e que, há uma semana, discutiu com o homem. "Eu disse: 'minha filha, você tem precisão disto não. Você sempre trabalhou comigo. Você não precisa estar se submetendo a isto'. Na minha presença ele nunca fez, mas meu neto de seis anos já falou para mim que Raphael havia dado um empurrão nela e que ela tinha caído no chão", acrescenta Josiane.
A mãe da fotógrafa relata que quem socorreu Leandra foi a babá do filho mais novo dela. "Se ele tirasse minha vida, eu tava satisfeita. Mas ele tirou a vida da minha filha. Ele me matasse e eu não queria saber de nada, mas ele matou minha filha", completou.
Projeto Uma por uma
Existe uma história para contar por trás de cada homicídio de mulher, em Pernambuco. O especial Uma por Uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações dos crimes, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis das vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime.