Em dois anos, o Brasil poderá ter um procedimento único para diagnosticar com mais rapidez e precisão os casos de leishmaniose. As formas de diagnóstico são variadas e desenvolvidas pelas próprias instituições de pesquisa em saúde, como a Fundação Oswaldo Cruz e outras unidades locais.
Com a padronização dos instrumentos e métodos de identificação, especialistas acreditam que será possível aumentar as chances de cura e a possibilidade de estancar a proliferação do parasita leishmânia, transmitido pela picada do mosquito flebótomo.“O Ministério da Saúde tem ações importantes para controlar a leishmaniose no país. Isso tem ajudado a não deixar o número de casos aumentar, mas não tem feito com que os casos diminuam”, avaliou Antonio Gomes Pinto, gerente do Programa de Reativos para Diagnósticos do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos).
A proposta de unificar o procedimento será apresentada na próxima quinta-feira (16), durante o Congresso Mundial de Leishmaniose, que começou nesta quarta (15), em Porto de Galinhas, em Pernambuco. O pesquisador espera que durante o evento que, pela primeira vez, reúne especialistas de várias regiões do país e pesquisadores internacionais no Brasil, seja possível estabelecer a rede de parcerias e experiências.
“Muitos já usam testes moleculares, mas sem capacidade de ampliação. Temos alguns diagnósticos sorológicos tradicionais, testes rápidos, mas essas ferramentas ainda não são suficientes para o enfrentamento da leishmaniose”, disse o pesquisador. “Ter ferramentas mais precisas e efetivas será uma contribuição significativa para os programas de controle da leishmaniose no Brasil”.
O especialista aposta que, com a adesão desses pesquisadores, em dois anos, será possível ter um teste de diagnóstico molecular mais sensível e específico, para apoiar e aperfeiçoar o diagnóstico da leishmaniose visceral humana.
Gomes Pinto vai participar do Simpósio Satélite Diagnóstico Molecular de Leishmaniose Visceral Humana e Canina, no dia 16, ao lado de outros três especialistas que vão apresentar técnicas já desenvolvidas e debater os possíveis caminhos para integrar esses conhecimentos. “Hoje, existem diagnósticos clínicos dos sintomas, mas com necessidade de confirmações e testes laboratoriais. Para o caso do reservatório [cachorro contaminado pelo parasita] é preciso identificar quais estão infectados”, explicou.
A Bio-Manguinhos produz um teste rápido da doença em cães, que apresenta resultado em 20 minutos. O produto dispensa estrutura laboratorial e equipamentos, e vem reduzindo em até 70% a quantidade de testes em laboratórios.
De acordo com Gomes, o ideal seria que o resultado do teste rápido fosse confirmado com exame mais moderno. “Isso evitaria o erro de determinar o sacrifício de um animal sadio. E de deixar, o animal que é de fato positivo [que tem a doença] no campo como potencial transmissor ”, completou.