Dia sim, dia não um pernambucano torna-se deficiente físico por causa da diabete. Uma das doenças crônicas mais comuns no País deixa uma infinidade de sequelas quando está sem controle. A amputação de dedos, pés e pernas é uma delas. E o pior, o risco parece ignorado por pacientes e profissionais de saúde. De 2012 a 2013, os registros no SUS, no Estado, cresceram 46%, segundo dados parciais da Secretaria Estadual de Saúde.
Ao menos 7,7% da população maior de 18 anos do Recife afirma-se como diabética, segundo a pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde. Por ano, em Pernambuco, quase quatro mil pessoas morrem em decorrência de complicações da diabete, uma média de dez por dia.
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Para a presidente local da Sociedade Brasileira de Diabetes, Geísa Macedo, falta maior atenção ao problema. Ela alerta que pacientes com glicose acima da normal devem ser orientados desde a primeira consulta a observar e cuidar melhor dos membros inferiores, em razão da neuropatia que diminui a sensibilidade e mascara lesões na pele que acabam levando à amputação. A endocrinologista defende o exame físico periódico com um monofilamento (fio de pequeno diâmetro), que mede a sensibilidade dos pés.
“Dar só o remédio não é tratar, isso representa apenas um terço do necessário. O paciente precisa ser educado a cumprir a dieta, fazer uma atividade física e cuidar do corpo, ter cuidado com os pés, com a visão.”
Segundo Geísa, um em cada quatro pacientes terá pé diabético. A presença de açúcar elevado no sangue destrói os nervos periféricos. “Cerca de 50% não têm sintoma algum. Outros sentem dor, sensação de choque ou de dormência. O pé também se deforma por causa da neuropatia e a pressão da pisada acaba lesionando o membro sem que a pessoa perceba o problema”, explica.
O pé diabético só é descoberto muitas vezes quando a ferida já está profunda. O problema é uma das principais causas de internação. Dados sobre internações hospitalares no SUS, repassados pela Secretaria Estadual de Saúde, mostram que o número de amputações relacionadas à diabete subiu de 139 em 2012 para 203 no ano passado.
CONTROLE - Embora seja uma doença comum, a neuropatia é evitável, não se trata de uma sentença, lembra a médica com mais de 20 anos de experiência e membro da equipe de endocrinologia do Hospital Agamenon Magalhães. Para isso, o diabético deve manter o controle da glicose: jejum em 100 ou no máximo 130 miligramas por decilitro de sangue e após almoço, entre 140 e 160.
É preciso fazer também o controle da pressão arterial, do peso e das taxas de colesterol, que influenciam na diabete. Duas ou três vezes no ano os níveis de gordura precisam ser aferidos. A pressão arterial tem que ser medida a cada três meses ao menos.