Hospitais filantrópicos do Estado ostentam em suas fachadas cartazes pretos com letras brancas. Os dizeres “Os hospitais filantrópicos pedem socorro” chamam a atenção de quem passa em frente às unidades. O ato, um grito de socorro de proporção nacional, pretende chamar a atenção para a atual situação das unidades de saúde beneficentes no País e levar a debate público o investimento para o repasse da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco (Fehospe), desde 2005 a tabela de procedimentos do SUS, que apresenta valores a serem pagos a hospitais particulares e filantrópicos que possuem convênio com o sistema, está congelada. Um exemplo seria o repasse de cerca de R$ 530 por parto, enquanto os gastos com o procedimento ficam em torno de R$ 1.200.
Por outro lado, a dívida dos hospitais em todo o Brasil só aumenta. Segundo a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Brasil (CMB), em 2013, a dívida das instituições de saúde filantrópicas era estimada em R$ 15 bilhões. Destes, R$ 5,4 bilhões eram referentes a débitos com a União e R$ 10 bilhões, acumulados com bancos e fornecedores.
Para o superintendente-executivo da Santa Casa de Misericórdia no Recife, Fernando Costa, uma das instituições filantrópicas mais tradicionais do Estado, o movimento, realizado em vários Estados, é uma forma de alertar a sociedade para a situação das entidades no País. “A cada R$ 100 gasto em um procedimento, a tabela do SUS só cobre R$ 35. Existe uma defasagem de 35%. Com isso, houve um subfinanciamento desses procedimentos, através de endividamento bancário e fiscal”, explica o superintendente-executivo.
Pelo menos 12 do total de 24 hospitais filantrópicos de Pernambuco aderiram à paralisação e afixaram os cartazes em protesto. Juntas, as instituições possuem 3 mil leitos e são responsáveis por aproximadamente 150 mil atendimentos mensais. Grande parte delas destina de 90% até 100% da sua capacidade no atendimento do Sistema Único de Saúde, ainda que a legislação exija apenas 60%.
“Os hospitais filantrópicos são os grandes parceiros do SUS, que fazem mais com menos”, observa Fernando Costa.