Várias pessoas que aguardavam atendimento na UPA da Caxangá, localizada na Zona Oeste do Recife, passaram por um susto na tarde desta quinta-feira (19). Jael Asifiwe Mungo, de 26 anos, natural da República do Congo, deu entrada na unidade se queixando de dores de cabeça e febre, o que gerou boatos de que ela estaria infectada com o vírus ebola. A informação se espalhou e fez com que os demais pacientes ficassem apavorados com a possibilidade de contágio da doença.
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Pouco tempo depois, mensagens informando que três casos suspeitos da enfermidade estariam sendo examinados na UPA já circulavam em aplicativos como o Whatsapp. “Se alguém precisar ir a uma UPA, não vá para a da Caxangá, pois a mesma está interditada com três africanos com suspeita de Ebola”, dizia uma das mensagens.
De acordo com a Polícia Federal, Jael Asifiwe Mungo chegou ilegalmente ao Recife há aproximadamente um mês pelo Porto do Recife. A conguiana afirmou que desembarcou na capital pernambucana por engano, pensando que se tratava do Canadá, e permaneceu pelas ruas da cidade, até ser encontrada no dia 13 deste mês pela PF.
A estrangeira, que não fala português, formalizou um pedido de refúgio, alegando que enfrentava dificuldades e perseguições no seu país natal. Ao fazer a solicitação, Jael ganhou o direito de permanecer no Brasil por até um ano enquanto seu pedido não é julgado pelo Conselho Nacional de Refugiado (Conare).
Após serem tomados todos os procedimentos legais, Jael foi encaminhada para um albergue, onde receberá o apoio necessário até o julgamento do seu pedido de refúgio. Durante todo o processo, a estrangeira não apresentou nenhum sinal de mal-estar ou sintomas de doenças.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que Jael não veio de nenhuma área onde há incidência da doença (ela passou apenas por Uganda, Congo e Angola, países que não são considerados de risco para o ebola) e que o diagnóstico inicial descartou a infecção pelo vírus, pois a paciente já apresentava os sintomas há mais de um ano.
“Todas as medidas foram tomadas e a paciente será transferida para a unidade de referência em infectologia no Estado, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz”, conclui o texto enviado pela SES. A secretaria afirma ainda que a UPA da Caxangá não chegou a ser interditada.
Confira a nota na íntegra:
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que foi notificada, na noite desta quinta-feira (19/02), sobre o caso de uma paciente, de origem africana, que deu entrada na UPA Caxangá com sintomas de febre e cefaleia. A SES esclarece, no entanto, que a paciente não veio de nenhuma área endêmica e que passou por Uganda, Congo e Angola, países que não são considerados de risco para o ebola.
Além disso, o diagnóstico inicial descarta a possibilidade de infecção pelo vírus, pois o quadro clínico da paciente é crônico, apresentando dor de cabeça há mais de um ano, com crises de cefaleia. E, neste momento, não apresenta quadro febril. A SES ressalta ainda que, em nenhum momento, foi aberto protocolo para o ebola, já que a paciente não teve contato com ninguém que tenha estado nos três países que possuem transmissão da doença (Guiné, Libéria e Serra Leoa).
Todas as medidas foram tomadas e a paciente será transferida para a unidade de referência em infectologia no Estado, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz.