SAÚDE

Sintomas de Parkinson não se limitam a tremores

Neste dia mundial da doença, a atenção se volta para sinais que vão além de distúrbios motores

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 11/04/2015 às 6:00
André Nery/JC Imagem
Neste dia mundial da doença, a atenção se volta para sinais que vão além de distúrbios motores - FOTO: André Nery/JC Imagem
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Comumente identificada pelo tremor das mãos, a doença de Parkinson é multifacetada: tem características que vão além dos distúrbios motores (rigidez muscular, dificuldade para iniciar movimentos, marcha lenta e instabilidade postural). Por isso, neste dia em que todo o mundo volta as atenções para a enfermidade que acomete cerca de 5 mil pernambucanos, vale informar que pessoas com Parkinson estão sujeitas a desenvolver sintomas depressivos, distúrbios do sono, problemas de fala e respiração, transtornos de deglutição e até alterações no olfato.

Nesse contexto, é importante reforçar o aviso da comunidade médica: nem todo tremor deve ser encarado como Parkinson e nem todo paciente com a enfermidade tem esse sintoma. “Para o diagnóstico da doença, o mais importante é avaliar se a pessoa apresenta lentidão dos movimentos, o que chamamos de acinesia”, explica o neurologista Márcio Andrade, do Ambulatório de Parkinson do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), vinculado à Universidade de Pernambuco (UPE), onde há cadastrados cerca de 200 pacientes com a enfermidade. 

Embora seja uma doença incurável e sem causas totalmente conhecidas, é passível de controle. Os pacientes contam com tratamento medicamentoso e cirúrgico, mas que tende a ser pouco eficaz em quem é sedentário. O neurologista explica o motivo: “É proibido as pessoas com Parkinson ficarem paradas porque o objetivo da doença é paralisá-las”. Então, atividade física é ouro de lei – ou seja, deve ser absorvida como uma terapêutica de valor inestimável. 

O vendedor aposentado Edinaldo Francisco, 58 anos, sabe como o exercício é precioso. Para não deixar a lentidão tomar conta do corpo, ele caminha diariamente num parque. “Percebi que, se eu deixar de lado esse compromisso, a doença piora”, conta Edinaldo, que desconfiou que algo não andava bem com a saúde há 14 anos, quando não conseguiu assinar um cheque. Associado a isso, ele passou a ter dificuldade para andar. 

“Comecei a ficar meio lento. Procurei um ortopedista, que nem desconfiou da doença. Graças a um amigo, consegui uma consulta com um neurologista, que logo me deu o diagnóstico de Parkinson, confirmado por outros dois médicos.” Ele acrescenta que tomou um grande susto ao saber que havia desenvolvido a doença. “Foi muito difícil, mas estou conseguindo controlar os sintomas porque sou muito disciplinado: tomo os remédios na hora certa, tenho uma alimentação equilibrada e não deixo de caminhar.”

A costureira aposentada Josefa Correia, 82, também convive com Parkinson, detectado há 10 anos. Ela já sentia, contudo, sintomas da doença antes do diagnóstico. “Ela tremia demais e vivia deprimida”, conta a filha de Josefa, a dona de casa Maria do Carmo Correia, 58. “Cuido dos horários das medicações que ela toma e de toda a rotina de alimentação e banho em casa.”

Embora Josefa vivencie uma fase avançada da doença, a filha sabe que é importante zelar pela saúde da mãe para que ela tenha qualidade de vida, mesmo diante de limitações físicas. “Ela se sente melhor com coisas simples. Só o fato de ver toda família reunida diminuiu o sofrimento que sente pela doença”, diz Maria do Carmo, ao demonstrar que conhece o valor da humanização diante de uma doença complexa, que deve ser enfrentada sem preconceito. 

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