Um novo boletim da dengue, divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), mostra que está mantido o pico de transmissão da dengue em Pernambuco. Neste ano, 110.610 pessoas já apresentaram sintomas da doença, o que representa um aumento de 568,78% em relação ao mesmo período de 2014. Além disso, 39.131 casos de dengue foram confirmados. É um cenário que preocupa os especialistas, já que era esperada a diminuição do número de casos, especialmente entre maio e julho, quando a temperatura cai.
“O maior problema é que, nas residências, continuamos a observar depósitos de água vulneráveis a criadouros do mosquito da dengue. Esse é um dos principais motivos que contribuem para que a infestação do Aedes aegypti permaneça em patamar elevado no Estado”, diz a coordenadora do Programa de Controle da Dengue e Chicungunha da SES, Claudenice Pontes.
Com o padrão de ascensão da dengue, sobem também os números de casos confirmados de chicungunha no Estado. Já são 93 pessoas que receberam o diagnóstico da doença, cujo vírus também é transmitido pelo Aedes aegypti. Três desses casos foram importados – ou seja, a infecção ocorreu fora de Pernambuco. Nesses casos, registrados em Iguaraci (2) e Itaíba (1), a doença foi contraída na Bahia.
“É um cenário de apreensão porque é uma doença nova que pode se alastrar por todo o Estado”, ressalta Claudenice. Os doentes podem apresentar febre acima de 38,5 graus de início repentino e dores intensas nas articulações de pés e mãos (dedos, tornozelos e pulsos). Eles podem manifestar também dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O controle do mosquito é a ação mais importante, pois as pessoas podem ter chicungunha e dengue ao mesmo tempo. Por isso, as medidas de prevenção da dengue e da chicungunha devem ser mantidas.
Para reforçar o trabalho de controle de ambas as doenças, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco trouxe para o Estado uma mostra interativa sobre a dengue, organizada pelo Museu da Vida, da Fiocruz do Rio de Janeiro. Gratuita e dirigida a todas as idades, a exposição fica no Espaço Ciência, em Olinda, no Grande Recife, até 22 de janeiro. No local, é possível conferir informações sobre sintomas e complicações da dengue, através de ferramentas interativas e ilustradas.
“A exposição chega num momento oportuno porque ajuda a população a perceber que o controle da dengue e da chicungunha requer mudança de hábitos, especialmente em relação ao armazenamento de água em casa”, diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde do Recife, Cristiane Penaforte. Durante um dos módulos que explicam sobre a multiplicação do vírus, os visitantes recebem um recado importante: ao dedicar 10 minutos por semana para limpar recipientes e locais onde o mosquito possa depositar seus ovos, a pessoa pode contribuir muito para o controle do Aedes aegypti.
Ainda entre os destaques da mostra, está o Quintal Interativo – um espaço em que o visitante observar ovos, larvas e pupas do mosquito com uso de lupas. Além disso, um mosquito fossilizado em âmbar, de 30 milhões de anos, pode ser visto na exposição.