SAÚDE

Superobesa luta por vaga em hospital

Paciente internada numa UPA, em Paulista, pesa mais de 200 quilos. Família acionou a Justiça para que ela possa fazer o tratamento em uma unidade hospitalar especializada

Do JC Online
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Publicado em 30/10/2015 às 7:00
Foto: Bobby Fabisaky / JC Imagem
Paciente internada numa UPA, em Paulista, pesa mais de 200 quilos. Família acionou a Justiça para que ela possa fazer o tratamento em uma unidade hospitalar especializada - FOTO: Foto: Bobby Fabisaky / JC Imagem
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Com mais de 200 quilos e internada em uma UPA com infecção urinária e insuficiência respiratória, Bianka Melazzi, 40 anos, está tentando ser transferida para um hospital que trate da sua superobesidade. Há quase um mês sem conseguir atendimento para o problema, a família dela acionou a Justiça. Enquanto não tem resposta do judiciário, os parentes temem pela vida de Bianka, que tem outras doenças associadas à obesidade, como diabetes e hipertensão, não está andando e tem deficiência mental.

“Minha irmã precisa ser recebida por um hospital especializado. Está sendo medicada na UPA de Jardim Paulista (em Paulista, no Grande Recife), mas não é o local apropriado. Queremos que ela vá para o Hospital das Clínicas (ligado à Universidade Federal de Pernambuco) ou uma unidade onde possam tratar da obesidade. Cada dia que demora mais percebo-a mais debilitada, sem força. Essa espera por uma vaga é desesperadora”, comentou a autônoma Bruneide Melazzi, 42.

A via-crúcis de Bianka começou dia 4, após levar uma queda em casa. Foi quando parou de andar. Levada por uma ambulância do Samu para a UPA de Jardim Paulista, foi transferida no dia seguinte para o Hospital Getúlio Vargas, no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. “Por duas vezes os médicos pensaram em entubá-la, diante da gravidade da insuficiência respiratória. Mas desistiram porque acharam arriscado e ela poderia não suportar”, relatou Bruneide.

Segundo a autônoma, uma médica endocrinologista deu alta a Bianka alegando que ela não estava tomando antibiótico e que por isso poderia ir para casa. “Minha irmã estava tomando oxigênio o tempo todo porque não conseguia respirar sozinha. Não deveria ter tido alta. Tanto que depois conversei com a fisioterapeuta que a atendeu lá e ela disse que não concordava com Bianka ter sido liberada”, afirmou Bruneide.

Conforme a autônoma, a irmã saiu do HGV no chão da ambulância, sem qualquer suporte de oxigênio pois o cilindro estava vazio. Ao chegar na residência, no bairro de Jardim Paulista Baixo, em Paulista, a auxiliar de enfermagem que acompanhou Bianka recomendou que ligassem para o Samu. “Bianka nem tinha saído da ambulância e não conseguia respirar. Estava passando mal. Pedi que colocassem o cilindro de oxigênio para ajudá-la a respirar melhor. Foi quando descobri que estava vazio”, explicou Bruneide.

Desde a última segunda-feira Bianka aguarda na UPA de Jardim Paulista. Para carregá-la até a ambulância do Samu, foram necessárias nove pessoas. A família procurou a Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps). A entidade entrou em contato com a Central de Leitos e não conseguiu vaga no HC. Por isso moveu uma ação judicial.

Segundo Bruneide, a irmã esperou oito anos para fazer uma cirurgia bariátrica no HC. Diante da demora, desistiu em 2013. Chefe do serviço de Cirurgia-Geral da unidade de saúde, Álvaro Ferraz disse que acha pouco provável ela ter ficado tantos anos esperando por uma cirurgia pois o tempo médio de espera é de um ano a um ano e meio. “O que acontece é que muitos pacientes mudam de telefone ou endereço e o hospital não tem como fazer uma busca”, destacou o médico.

Atualmente não existe vaga para superobeso. Há três pacientes internados (um deles é o paraibano Carlinhos). Daqui duas ou três semanas um deles será operado, liberando a vaga para outra pessoa. Como foi contactado ontem à noite pelo JC, Álvaro não estava mais no HC. Por isso não tinha como saber se a vaga poderá ser ocupada por Bianka. O cirurgião volta ao trabalho terça-feira, pois hoje e segunda são feriados. Ele disse ainda que não foi contactado pela Aduseps.

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