Pernambucanos que apresentam sintomas da dengue estão ajudando pesquisadores brasileiros e internacionais a realizar um estudo que pretende melhorar o diagnóstico da doença. Além de Pernambuco, participam pacientes, no Brasil, do Ceará e do Rio de Janeiro. Estão sendo coletados dados também em El Salvador e na Venezuela, no continente americano, e Malásia, Indonésia, Vietnã e Camboja, na Ásia. Só este ano, a doença atingiu 110 mil pessoas no Estado.
As informações estão sendo colhidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paulista, no Grande Recife. Desde maio, quem chega lá com sintomas de dengue – febre, dores nas articulações e nos olhos e manchas vermelhas, por exemplo – é convidado a colaborar. Mas só podem participar as pessoas que estão com febre com até três dias.
Ao concordar em participar do levantamento, o paciente se compromete a ir até a UPA diariamente enquanto tiver com febre e em mais dois dias seguidos após o desaparecimento desse sintoma. Tem que ir novamente entre 10 e 14 dias depois da última visita. Lá, ele passa por avaliação clínica e exame de sangue. Assim será possível verificar outras doenças como zika e chicungunha.
“Nosso objetivo é melhorar o diagnóstico na fase inicial da dengue. Queremos identificar os pacientes que realmente estão infectados com o vírus da dengue e aqueles que estão com outras doenças febris. Outro objetivo é mapear pessoas que podem evoluir para dengue grave antes mesmo de apresentarem os sintomas de gravidade”, explica a bióloga Tereza Magalhães, uma das coordenadoras do estudo.
Ela integra o grupo da Fiocruz que está fazendo o trabalho em Pernambuco em parceria com o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). A coordenação geral é da Universidade de Heidelberg (Alemanha), com recursos da União Europeia e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).
Os resultados, além de ajudar a salvar vidas, poderão refletir numa melhor utilização dos leitos hospitalares e na revisão da classificação de casos clínicos de dengue adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo Tereza, um dos motivos pelo qual só participam pessoas com até 72h de febre é porque esse é o chamado período virêmico, onde o vírus está circulando no organismo. “É bom para termos certeza de que o paciente está na fase inicial da doença, um ponto chave para nosso estudo”, observa a bióloga.
As coletas seguirão até meados de 2016. De maio até agora 160 pessoas concordaram em participar, mas 60 não fizeram todo o procedimento. “Contamos com a colaboração dos pacientes. Se eles não voltam, os dados ficam incompletos. Nossa meta é chegar a 350 entrevistados. Acredito que não teremos dificuldade porque ainda não passamos pelo período epidêmico da dengue, que é só no próximo ano”, diz Tereza.
Com sintomas de dengue desde o último domingo, a consultora de vendas Elisabeth Maia, 46 anos, é uma das que estão ajudando na pesquisa. “Topei porque sei que será importante para melhorar o tratamento da dengue”, diz.