Diante da principal emergência de saúde pública enfrentada nas últimas décadas e deflagrada pelo súbito aumento de recém-nascidos com microcefalia, de agosto até agora, o clima de preocupação só faz aumentar em todo o território nacional, principalmente em Pernambuco, onde está a maior parte dos casos. Na segunda-feira (30), os prefeitos de Pernambuco participam de uma reunião sobre o Plano Estadual de Enfrentamento das Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti (dengue, chicungunha e zika). O encontro, no município de Gravatá (Agreste), parte de uma convocação do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que participa, na manhã desta quinta-feira (26), de audiência com a presidente Dilma Rousseff.
Sensível às consequências do avanço da microcefalia no Estado, que notificou 487 casos suspeitos da malformação de 27 de outubro a 22 de novembro, Paulo Câmara pede a Dilma apoio para enfrentar o cenário atual. E para o encontro da segunda-feira, o governador também convocou os secretários municipais de Saúde. Ainda participarão da reunião as equipes técnicas do governo do Estado que estão envolvidas no trabalho de investigação e assistência.
Pediatra, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, acredita que o debate em torno do avanço da microcefalia vai perdurar por muito tempo. “Vamos precisar ainda de muitos estudos para construir certezas. O certo é que nós, gestores, precisamos agir de forma ampla para combater o mosquito, enquanto for considerada altamente provável a correlação entre o aumento no número de casos de microcefalia com infecção das gestantes pelo vírus da zika. Não queremos perder o que podemos fazer agora”, diz Jailson Correia, que se reuniu em Brasília, na terça e quarta-feira, com autoridades do Ministério da Saúde para discussão de ações de combate ao Aedes aegypti e de vigilância da microcefalia.
Apesar de o protocolo de acompanhamento de gestantes ainda não ter sido apresentado pela Secretaria Estadual de Saúde, o governo já adiantou que, para as mulheres grávidas com ultrassom indicativa de bebê com microcefalia, será garantido acompanhamento psicológico pela rede municipal – ou seja, nas unidades de saúde onde é realizado o pré-natal. “Estamos com programação de treinamento específico para as equipes de saúde da família sobre essa questão. Não apenas psicológicos estarão preparados para fazer a escuta qualificada dessas gestantes, mas também todos os profissionais da rede que participam da assistência durante o pré-natal”, informa Jailson Correia.
O secretário acrescenta que as equipes dos espaços do Programa Mãe Coruja Recife também estarão capacitadas para oferecer apoio psicológico e acolhimento às gestantes que apresentarem ultrassom indicativo de bebê com microcefalia. “Em alguns casos que exigirem uma escuta mais qualificada, os profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e do Centros de Atenção Psicossocial poderão dar um suporte a essas gestantes”, assegura o secretário.